Adaptação de livro de Alvin Schwartz tem produção do mexicano Guillermo Del Toro
Assistir uma comédia que não nos arranque um único sorriso, ou um terror que não nos provoque bons sustos, todos sabemos, é frustrante. Quando o próprio título promete o contrário, é ainda pior.
‘Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro’ se baseia em alguns dos contos da trilogia que o norte-americano Alvin Schwartz (1927-1992) escreveu durante os anos 80 e início dos 90. Aparentemente, os livros realmente botam medo no leitor, pois continuam fazendo grande sucesso por lá. Já o filme, dirigido pelo norueguês André Øvredal (de ‘A Autópsia’, 2016) e produzido pelo mexicano Guillermo Del Toro (vencedor do Oscar por ‘A Forma da Água’, 2017), pouco assusta.
(Foto: divulgação)
A trama se passa na pequena cidade de Mill Valley, onde, na noite do Dia das Bruxas, um grupo de adolescentes resolve explorar uma antiga mansão abandonada. Trata-se da antiga residência da família Bellows, que décadas atrás dominava a economia da região. Lá, encontram o caderno em que Sarah, caçula do clã, escreveu diversos contos de terror. Essas pequenas histórias passam a se tornar realidade na vida de quem as lê. Um a um, esses jovens precisarão lutar pela sobrevivência antes que o trágico desfecho dessas lendas se concretize.
É quando chegam à casa, a despeito de uma dinâmica introdução dos personagens centrais, e de alguns conflitos já estabelecidos, que o filme começa a se perder. A começar por clichês dos mais manjados (a providencial habilidade em se abrir um cadeado sem chave é o primeiro a dar as caras). Uma enxurrada deles se seguirá. Somados à cenas de execução questionável, como a que um dos personagens é acuado no hospital, a experiência como espectador se torna cada vez mais tediosa. Há, ainda, no final, um duvidoso gancho para uma possível sequência - que, pelo jeito, dificilmente sairá.
(Foto: divulgação)
Resta-nos apreciar a estética da produção, que nos lembra a do recente ‘It: A Coisa’ (2017), com uma fotografia de forte contraste nas cenas à luz do dia, reforçando os tons mais escuros sem que se perca a saturação das cores, símbolo da juventude que protagoniza o longa. Juventude que, assim como em 'It', segue a onda que a série 'Stranger Things' resgatou, de reavivamento de filmes dos anos 80 roteirizados nesses moldes.
A diferença, aqui, é que 'Histórias Assustadoras' se passa no agitado ano de 1968, em que o mundo testemunhou diversos acontecimentos decisivos para o século 20 (para citar alguns: revoltas de maio na França, intensificação dos protestos contra a Guerra do Vietnã, assassinato de Luther King nos EUA, endurecimento da ditadura no Brasil). Por sinal, é através dos rápidos paralelos com o contexto sócio-político que o filme se torna mais interessante, como ao ressaltar o preconceito contra a descendência hispânica de um dos personagens principais.
Ainda assim, para uma obra que já em seu título nos promete tanto, é pouco. Muito pouco.
VEJA O TRAILER:
Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro (Scary Stories to Tell in the Dark)
EUA/Canadá, 111 min, 2019 - Dir.: André Øvredal - Estreou em 08/8.
As opiniões expressas nessa coluna são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do Portal Telenotícias.
Crítica | Por Thiago Mendes
thiagomendes@portaltelenoticias.com
‘Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro’ se baseia em alguns dos contos da trilogia que o norte-americano Alvin Schwartz (1927-1992) escreveu durante os anos 80 e início dos 90. Aparentemente, os livros realmente botam medo no leitor, pois continuam fazendo grande sucesso por lá. Já o filme, dirigido pelo norueguês André Øvredal (de ‘A Autópsia’, 2016) e produzido pelo mexicano Guillermo Del Toro (vencedor do Oscar por ‘A Forma da Água’, 2017), pouco assusta.
(Foto: divulgação)
Austin Zajur interpreta Chuck Steinberg |
É quando chegam à casa, a despeito de uma dinâmica introdução dos personagens centrais, e de alguns conflitos já estabelecidos, que o filme começa a se perder. A começar por clichês dos mais manjados (a providencial habilidade em se abrir um cadeado sem chave é o primeiro a dar as caras). Uma enxurrada deles se seguirá. Somados à cenas de execução questionável, como a que um dos personagens é acuado no hospital, a experiência como espectador se torna cada vez mais tediosa. Há, ainda, no final, um duvidoso gancho para uma possível sequência - que, pelo jeito, dificilmente sairá.
(Foto: divulgação)
Gabriel Rush encarna Auggie Hilderbrandt, melhor amigo de Stella |
A diferença, aqui, é que 'Histórias Assustadoras' se passa no agitado ano de 1968, em que o mundo testemunhou diversos acontecimentos decisivos para o século 20 (para citar alguns: revoltas de maio na França, intensificação dos protestos contra a Guerra do Vietnã, assassinato de Luther King nos EUA, endurecimento da ditadura no Brasil). Por sinal, é através dos rápidos paralelos com o contexto sócio-político que o filme se torna mais interessante, como ao ressaltar o preconceito contra a descendência hispânica de um dos personagens principais.
Ainda assim, para uma obra que já em seu título nos promete tanto, é pouco. Muito pouco.
VEJA O TRAILER:
EUA/Canadá, 111 min, 2019 - Dir.: André Øvredal - Estreou em 08/8.
As opiniões expressas nessa coluna são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do Portal Telenotícias.
O que ‘Histórias Assustadoras’ menos faz é assustar
Reviewed by Thiago S. Mendes
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8/28/2019 01:21:00 PM
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