"Fazer cinema no Brasil é uma batalha", diz ator e diretor Tristan Aronovich
Cineasta fala sobre o mercado audiovisual brasileiro, as expectativas e dificuldades
Da Agência Telenotícias
(Foto: divulgação)
“Fazer cinema no Brasil é uma batalha”. Assim Tristan Aronovich, cineasta brasileiro vencedor de vários prêmios e com grande bagagem no exterior, enxerga hoje o mercado cinematográfico brasileiro. De acordo com ele, que também é produtor, ator e diretor, formado pelo California Institute of The Arts (CalArts), com mestrado em Cinema e TV pelo Savannah College of Art and Design (SCAD), o panorama brasileiro é bem complexo e ainda bastante distante do ideal.
“Há lacunas em todas as etapas: no desenvolvimento e captação de recursos, os realizadores ainda ficam reféns de mecanismos viciados que limitam muito os projetos que recebem verba suficiente para sua execução. Havendo êxito nessa etapa, há ainda certa escassez de mão de obra especializada (principalmente dependendo do gênero)”, diz o cineasta, que recebeu uma nomeação como finalista ao Oscar 2016 para representar o Brasil com o longa metragem 'Alguém Qualquer'.
Ainda, segundo Aronovich, existe também o famoso “gargalo da distribuição”. “Os exibidores e salas de cinema que precisam compreensivelmente faturar o suficiente para que as salas permaneçam abertas, acabam logicamente dando preferência às grandes produções internacionais, que geram infinitamente mais lucro do que as produções nacionais. Com tudo isso em vista, percebe-se facilmente que fazer cinema no Brasil é uma batalha, um ato de amor e de resistência”, completa.
Potencial para crescer existe, mas também falta mão de obra especializada
Para Aronovich existe espaço para um grande crescimento do cinema brasileiro nos dias atuais, porém, seria necessário uma renovação de valores e o rompimento de certos paradigmas. “Tanto os cineastas como os investidores precisam encarar cinema como um produto que precisa ser vendável e gerar lucro. Na outra ponta da cadeia, é preciso formar público, para que seja derrubado o preconceito com relação ao filme nacional. Havendo investimento e público, os exibidores serão os primeiros interessados em inserir filmes nacionais em suas programações - e então teríamos o tão sonhado "crescimento"”, esclarece.
O cineasta lembra que a média de tempo que se leva para realizar um filme no Brasil é de quatro anos. “O que é um verdadeiro absurdo. Esse tempo inflado é consequência, em grande parte, de todas as exigências burocráticas e dificuldades oriundas do período de captação de recursos e desenvolvimento do projeto. Empresas de pequeno e médio porte simplesmente não têm fôlego para esperar quatro anos entre cada projeto. Apenas um pequeno grupo seleto de realizadores já possuem uma penetração sólida nos meios públicos e empresas habituadas aos mecanismos de incentivo para encurtarem um pouco esses prazos. Conseguir espaço para exibição é um outro - e enorme - problema, devido principalmente aos fatores já explicados”, afirma.
Aronovich também acredita que o país tem potencial para produzir longas estilo blockbusters, que costumam atrair uma quantidade maior de público. “Potencial certamente nós temos. Mas mão de obra especializada, ainda não temos o suficiente. Até porque muitos de nossos profissionais mais qualificados acabam optando por residir em outros países onde a indústria é mais sólida”, explica.
O Brasil nunca ganhou um Oscar de melhor filme estrangeiro. Mas o que será que falta para o país finalmente conseguir essa façanha? Para Tristan Aronovich, essa é uma pergunta complexa. “Inicialmente, talvez fosse interessante reduzir (ou até mesmo eliminar) o lobby político e as influências pessoais e individuais que permeiam as decisões da comissão. Reavaliar os critérios também deveria ser prioridade - levar em consideração a repercussão e prêmios internacionais conquistados pelo filme etc.”, finaliza.
Da Agência Telenotícias
(Foto: divulgação)
Tristan Aronovich |
“Há lacunas em todas as etapas: no desenvolvimento e captação de recursos, os realizadores ainda ficam reféns de mecanismos viciados que limitam muito os projetos que recebem verba suficiente para sua execução. Havendo êxito nessa etapa, há ainda certa escassez de mão de obra especializada (principalmente dependendo do gênero)”, diz o cineasta, que recebeu uma nomeação como finalista ao Oscar 2016 para representar o Brasil com o longa metragem 'Alguém Qualquer'.
Ainda, segundo Aronovich, existe também o famoso “gargalo da distribuição”. “Os exibidores e salas de cinema que precisam compreensivelmente faturar o suficiente para que as salas permaneçam abertas, acabam logicamente dando preferência às grandes produções internacionais, que geram infinitamente mais lucro do que as produções nacionais. Com tudo isso em vista, percebe-se facilmente que fazer cinema no Brasil é uma batalha, um ato de amor e de resistência”, completa.
Potencial para crescer existe, mas também falta mão de obra especializada
Para Aronovich existe espaço para um grande crescimento do cinema brasileiro nos dias atuais, porém, seria necessário uma renovação de valores e o rompimento de certos paradigmas. “Tanto os cineastas como os investidores precisam encarar cinema como um produto que precisa ser vendável e gerar lucro. Na outra ponta da cadeia, é preciso formar público, para que seja derrubado o preconceito com relação ao filme nacional. Havendo investimento e público, os exibidores serão os primeiros interessados em inserir filmes nacionais em suas programações - e então teríamos o tão sonhado "crescimento"”, esclarece.
O cineasta lembra que a média de tempo que se leva para realizar um filme no Brasil é de quatro anos. “O que é um verdadeiro absurdo. Esse tempo inflado é consequência, em grande parte, de todas as exigências burocráticas e dificuldades oriundas do período de captação de recursos e desenvolvimento do projeto. Empresas de pequeno e médio porte simplesmente não têm fôlego para esperar quatro anos entre cada projeto. Apenas um pequeno grupo seleto de realizadores já possuem uma penetração sólida nos meios públicos e empresas habituadas aos mecanismos de incentivo para encurtarem um pouco esses prazos. Conseguir espaço para exibição é um outro - e enorme - problema, devido principalmente aos fatores já explicados”, afirma.
Aronovich também acredita que o país tem potencial para produzir longas estilo blockbusters, que costumam atrair uma quantidade maior de público. “Potencial certamente nós temos. Mas mão de obra especializada, ainda não temos o suficiente. Até porque muitos de nossos profissionais mais qualificados acabam optando por residir em outros países onde a indústria é mais sólida”, explica.
O Brasil nunca ganhou um Oscar de melhor filme estrangeiro. Mas o que será que falta para o país finalmente conseguir essa façanha? Para Tristan Aronovich, essa é uma pergunta complexa. “Inicialmente, talvez fosse interessante reduzir (ou até mesmo eliminar) o lobby político e as influências pessoais e individuais que permeiam as decisões da comissão. Reavaliar os critérios também deveria ser prioridade - levar em consideração a repercussão e prêmios internacionais conquistados pelo filme etc.”, finaliza.
"Fazer cinema no Brasil é uma batalha", diz ator e diretor Tristan Aronovich
Reviewed by Redação
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4/30/2019 04:35:00 PM
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