De estrutura tradicional, ‘Colette’ destaca protagonista a frente do tempo
Cinebiografia de escritora francesa é comandada por diretor de ‘Para Sempre Alice’
Codiretor de ‘Para Sempre Alice’ (que deu o Oscar de melhor atriz a Julianne Moore em 2015), o inglês Wash Westmoreland volta a destacar grandes personagens femininos com esta cinebiografia de Sidonie Gabrielle Colette (1873-1954), escritora francesa que se tornou fenômeno cultural nas primeiras décadas do século 20. Trata-se, também, do primeiro filme de Westmoreland após a morte de seu esposo e parceiro de roteiros e direção, Richard Glatzer (1952-2015), que já trabalhava na sinopse de ‘Colette’ antes de padecer.
O longa parte do romance entre a futura escritora, interpretada por Keira Knightley (‘Um Método Perigoso’, 2012), e aquele com quem rapidamente se casaria, Henry Gauthier-Villars, conhecido como Willy (Dominic West, da série ‘The Affair’). Quase 14 anos mais velho, Willy já era um conhecido autor em Paris. Ao inserir Colette em seu time de escritores-fantasmas (que escreviam em nome dele, sem levar créditos por isso), torna-se um mentor para ela.
(Foto: divulgação)
Os hábitos adúlteros de Willy, praticante das mais asquerosas manias masculinas, desgastam o encanto de Colette por ele, e se tornam a grande motivação para que ela passe a exigir os créditos como autora de sua própria obra. Até então, ainda era muito raro que mulheres fossem aceitas como escritoras. O sucesso arrebatador de seu primeiro livro, ‘Claudine na Escola’, garantiu à personagem mais três volumes e tornou a série um dos primeiros fenômenos de marketing comercial, gerando subprodutos de variados segmentos contendo a marca “Claudine”.
O roteiro destaca a importância de Colette não só para a literatura, mas também para o movimento feminista, que já era forte na época, com lutas pelo sufrágio universal já em curso no mundo todo. Um fato estava diretamente ligado ao outro. Da mesma forma, é ressaltada a versatilidade artística da autora, que empenhou-se na dança e no teatro, estrelando montagens em diversas cidades francesas.
(Foto: divulgação)
Em uma narrativa completamente linear, sem idas e vindas no tempo, o filme se desenrola como uma pomposa novela de época das seis da tarde, reproduzindo com energia a efervescência parisiense daquele momento, com cenários e figurinos luxuosos, fotografia rebuscada e uma trilha incidental que não deixa passar um único plano geral em silêncio. A câmera de Westmoreland raramente se estagna, buscando sempre uma movimentação elegante, como que refletindo a personalidade em constante mutação de Colette, cada vez mais a frente de seu tempo.
Mas não há nada que ofusque a brilhante atuação de Keira Knightley. A atriz inglesa fecha o ano com saldo positivo, apagando a má impressão deixada por sua estridente performance em ‘O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos’, lançado em novembro. Dominic West se sai igualmente bem como o machista fanfarrão que, partindo de um relacionamento inicialmente abusivo (da parte dele), se vê obrigado a recuar um bom tanto diante da impetuosidade revolucionária da esposa.
Se não causa surpresas e reviravoltas impensáveis, ‘Colette’, por outro lado, é bem realizado, tem boas atuações e pode ser facilmente acompanhado. E ainda é capaz de nos inspirar os mais nobres valores relacionados a igualdade de gênero e liberdade sexual - que, convenhamos, continuam em falta por aí.
VEJA O TRAILER:
Colette (Colette) - Reino Unido/EUA, 111 min, 2018
Dir.: Wash Westmoreland - Estreou em 13/12.
As opiniões expressas nessa coluna são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do Portal Telenotícias.
Crítica | Por Thiago Mendes
thiagomendes@portaltelenoticias.com
O longa parte do romance entre a futura escritora, interpretada por Keira Knightley (‘Um Método Perigoso’, 2012), e aquele com quem rapidamente se casaria, Henry Gauthier-Villars, conhecido como Willy (Dominic West, da série ‘The Affair’). Quase 14 anos mais velho, Willy já era um conhecido autor em Paris. Ao inserir Colette em seu time de escritores-fantasmas (que escreviam em nome dele, sem levar créditos por isso), torna-se um mentor para ela.
(Foto: divulgação)
Boêmio e asqueroso, pouco a pouco os hábitos de Willy (Dominic West) o afastam de Colette |
O roteiro destaca a importância de Colette não só para a literatura, mas também para o movimento feminista, que já era forte na época, com lutas pelo sufrágio universal já em curso no mundo todo. Um fato estava diretamente ligado ao outro. Da mesma forma, é ressaltada a versatilidade artística da autora, que empenhou-se na dança e no teatro, estrelando montagens em diversas cidades francesas.
(Foto: divulgação)
Insatisfeita, Colette exige que seu nome seja incluído como autora de seus próprios livros |
Mas não há nada que ofusque a brilhante atuação de Keira Knightley. A atriz inglesa fecha o ano com saldo positivo, apagando a má impressão deixada por sua estridente performance em ‘O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos’, lançado em novembro. Dominic West se sai igualmente bem como o machista fanfarrão que, partindo de um relacionamento inicialmente abusivo (da parte dele), se vê obrigado a recuar um bom tanto diante da impetuosidade revolucionária da esposa.
Se não causa surpresas e reviravoltas impensáveis, ‘Colette’, por outro lado, é bem realizado, tem boas atuações e pode ser facilmente acompanhado. E ainda é capaz de nos inspirar os mais nobres valores relacionados a igualdade de gênero e liberdade sexual - que, convenhamos, continuam em falta por aí.
VEJA O TRAILER:
Dir.: Wash Westmoreland - Estreou em 13/12.
As opiniões expressas nessa coluna são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do Portal Telenotícias.
De estrutura tradicional, ‘Colette’ destaca protagonista a frente do tempo
Reviewed by Thiago S. Mendes
on
12/20/2018 10:46:00 PM
Rating:
Nenhum comentário
Fale com a redação: contato@portaltelenoticias.com