Inusitado triângulo amoroso é baseado em livro de Tomoka Shibasaki
Raras filmografias nacionais têm demonstrado tanto vigor criativo e poético como a japonesa. Por isso é de se lamentar que ‘Asako I & II’ seja apenas o oitavo título de lá que chega ao nosso circuito comercial este ano, sobretudo levando-se em conta os quase 450 filmes lançados nos cinemas brasileiros em 2018. Ou seja, menos de 2% foram produzidos no Japão. O mais triste: serviços de vídeo sob demanda (streamings) que, sem as limitações físicas e logísticas próprias dos exibidores e distribuidores de cinema, deveriam ser um canal de desafogo para esses filmes, digamos, rejeitados pelo “mainstream”, pouco disponibilizam nesse sentido.
(Foto: divulgação)
Falemos, pois, desta pequena joia da terra do sol nascente, adaptada a partir do livro de Tomoka Shibasaki, ‘Netemo Sametemo’ (segundo o tradutor do Google, algo como “mesmo se você me acordar”). Asako (Erika Karata), jovem garota de Osaka (terceira maior cidade do país), apaixona-se por Baku (Masahiro Higashide) tão logo o conhece. Vivem um romance intenso, avassalador. Então o rapaz some, sem qualquer explicação.
Dois anos depois, agora vivendo em Tóquio, Asako conhece Ryôhei, de incrível semelhança física em relação a Baku. A personalidade, contudo, é diferente. A excentricidade do primeiro dá lugar à discrição do segundo. Enquanto Baku se tornou ator e modelo publicitário, Ryôhei é um jovem em ascensão no escritório em que trabalha.
Apesar da insegurança inicial, Asako cede a uma nova paixão. Ela e Ryôhei passam a morar juntos, constroem um relacionamento aparentemente sólido. Até que alguns anos depois Baku ressurge e vai atrás da antiga namorada. Confusa, Asako fica balançada entre o I e o II (sacou a do título?). O que será desse inusitado triângulo?
(Foto: divulgação)
Seja qual for a resolução, o que fica são as fascinantes sutilezas que o cinema japonês tem demonstrado, aqui através das mãos do diretor Ryûsuke Hamaguchi: a desacelarada cadência com que os planos e cenas se sucedem, permitindo assimilar e digerir com gosto a cada um deles; os gestos mínimos, de tocante poética, captados em detalhe; as interpretações serenas e, ainda assim, fortemente expressivas de todo o elenco. São características que permanecem presentes na produção japonesa atual, e proporcionam um contato mais íntimo com os costumes de uma cultura ainda distante da nossa.
Qualitativamente falando, há décadas o cinema nipônico está entre os mais fortes do mundo. O que acontece é que, diante de uma uma homogeneização cada vez maior das cinematografias praticadas ao redor do planeta, essa verdadeira resistência dos cineastas japoneses tem feito a produção do país destoar facilmente em relação a restante.
Após ‘Asako I & II’, experimente ‘Antes Que Tudo Desapareça’ e ‘Esplendor’, dois dos outros sete filmes produzidos por lá que estrearam no Brasil em 2018, e que também contaram com cobertura do TN na época de seus lançamentos (confira as críticas clicando nos títulos acima).
VEJA O TRAILER:
Asako I & II (Netemo Sametemo) - Japão/França, 119 min, 2018
Dir.: Ryûsuke Hamaguchi - Estreou em 20/12.
As opiniões expressas nessa coluna são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do Portal Telenotícias.
Crítica | Por Thiago Mendes
thiagomendes@portaltelenoticias.com
(Foto: divulgação)
Erika Karata interpreta a personagem-título em 'Asako I & II' |
Raras filmografias nacionais têm demonstrado tanto vigor criativo e poético como a japonesa. Por isso é de se lamentar que ‘Asako I & II’ seja apenas o oitavo título de lá que chega ao nosso circuito comercial este ano, sobretudo levando-se em conta os quase 450 filmes lançados nos cinemas brasileiros em 2018. Ou seja, menos de 2% foram produzidos no Japão. O mais triste: serviços de vídeo sob demanda (streamings) que, sem as limitações físicas e logísticas próprias dos exibidores e distribuidores de cinema, deveriam ser um canal de desafogo para esses filmes, digamos, rejeitados pelo “mainstream”, pouco disponibilizam nesse sentido.
(Foto: divulgação)
Asako vive intenso romance com Baku |
Dois anos depois, agora vivendo em Tóquio, Asako conhece Ryôhei, de incrível semelhança física em relação a Baku. A personalidade, contudo, é diferente. A excentricidade do primeiro dá lugar à discrição do segundo. Enquanto Baku se tornou ator e modelo publicitário, Ryôhei é um jovem em ascensão no escritório em que trabalha.
Apesar da insegurança inicial, Asako cede a uma nova paixão. Ela e Ryôhei passam a morar juntos, constroem um relacionamento aparentemente sólido. Até que alguns anos depois Baku ressurge e vai atrás da antiga namorada. Confusa, Asako fica balançada entre o I e o II (sacou a do título?). O que será desse inusitado triângulo?
(Foto: divulgação)
Anos depois, Asako conhece Ryôhei (Masahiro Higashide), fisicamente semelhante a Baku |
Qualitativamente falando, há décadas o cinema nipônico está entre os mais fortes do mundo. O que acontece é que, diante de uma uma homogeneização cada vez maior das cinematografias praticadas ao redor do planeta, essa verdadeira resistência dos cineastas japoneses tem feito a produção do país destoar facilmente em relação a restante.
Após ‘Asako I & II’, experimente ‘Antes Que Tudo Desapareça’ e ‘Esplendor’, dois dos outros sete filmes produzidos por lá que estrearam no Brasil em 2018, e que também contaram com cobertura do TN na época de seus lançamentos (confira as críticas clicando nos títulos acima).
VEJA O TRAILER:
Dir.: Ryûsuke Hamaguchi - Estreou em 20/12.
As opiniões expressas nessa coluna são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do Portal Telenotícias.
‘Asako I & II’ reafirma momento especial do cinema japonês
Reviewed by Thiago S. Mendes
on
12/27/2018 09:56:00 AM
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