Filme representa a Noruega na corrida pelo Oscar de filme estrangeiro em 2018
Crítica | Por Thiago Mendes
thiagomendes@portaltelenoticias.com
(Foto: divulgação)
Muito já se debateu a respeito das consequências (boas e ruins) que uma educação pautada pela moral e ensinamentos religiosos podem causar na formação social, psicológica e afetiva de um indivíduo. Nas artes em geral, o enfoque normalmente se dá na repressão que se faz a determinados comportamentos, práticas e atitudes, cujos vetos, mais cedo ou mais tarde, conforme o amadurecimento da pessoa, acabam sendo questionados e, eventualmente, contrariados.
Em ‘Thelma’, novo filme do emergente diretor dano-norueguês Joachim Trier (de ‘Oslo, 31 de Agosto’, 2011), a personagem-título (encarnada por Eili Harboe) foi criada sob forte influência da religião dos pais, cristãos devotos. Jovem adulta em pleno processo de emancipação, Thelma ingressou recentemente na faculdade, e se vê, pela primeira vez, morando sozinha e distante da família. Por consequência, e até com incentivo do pai, tem a chance de viver novas experiências e costumes. Um mundo novo e fascinante se apresenta diante dela. Aos olhos do cristianismo, um mundo de tentações.
Não por acaso, Thelma estuda biologia e ciências naturais. Para ela, o criacionismo já não tem vez. Darwin prevaleceu. Via de regra, seus colegas compartilham do mesmo discurso cético. Não é de hoje, centros universitários colocam à prova qualquer crença que não possa ser explicada de maneira lógica e racional, sobretudo em solo escandinavo (o filme se passa na Noruega), região que, segundo pesquisas, abriga as maiores porcentagens de ateus e agnósticos no mundo.
(Foto: divulgação)
Thelma lida bem com a situação, até conhecer Anja (Okay Kaya). Ao primeiro contato visual com a colega, ainda desconhecida, sofre um ataque epiléptico. Não será o único que veremos. Conforme se tornam amigas, novos episódios ocorrem, em circunstâncias com requintes cada vez mais sobrenaturais. Thelma está sob pressão. Os sentimentos que desenvolve por Anja a atormentam. Sofre, também, pelo receio de decepcionar os pais. A serpente que surge em certos momentos define a questão: Thelma sente-se pecaminosa, eco direto da culpa religiosa incutida em sua criação.
Da relação entre os ataques convulsivos e a atração reprimida de Thelma por Anja, Joachim Trier nos presenteia com um suspense de primeira linha, em que tem a elegância de expor temas sensíveis e importantes sem pieguice ou apelos morais. Em uma bela ironia poética, veremos que se há um consenso entre ciência e preceitos religiosos é o de que a verdade liberta, por mais dolorido que o processo de descoberta possa ser.
Com planos e movimentos cuidadosamente elaborados, que encorpam uma sedutora e impactante atmosfera de mistério, e autor de uma obra ainda curta, mas já consistente, Trier é um nome para se ficar de olho, e ‘Thelma’ é a prova mais recente.
Veja o trailer:
Thelma (Thelma) - Noruega/França/Dinamarca/Suécia, 117 min, 2017
Dir.: Joachim Trier - Estreou em 30/11.
As opiniões expressas nessa coluna são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do Portal Telenotícias.
Crítica | Por Thiago Mendes
thiagomendes@portaltelenoticias.com
(Foto: divulgação)
Aos 23 anos, norueguesa Eili Harboe interpreta personagem-título de 'Thelma' |
Muito já se debateu a respeito das consequências (boas e ruins) que uma educação pautada pela moral e ensinamentos religiosos podem causar na formação social, psicológica e afetiva de um indivíduo. Nas artes em geral, o enfoque normalmente se dá na repressão que se faz a determinados comportamentos, práticas e atitudes, cujos vetos, mais cedo ou mais tarde, conforme o amadurecimento da pessoa, acabam sendo questionados e, eventualmente, contrariados.
Em ‘Thelma’, novo filme do emergente diretor dano-norueguês Joachim Trier (de ‘Oslo, 31 de Agosto’, 2011), a personagem-título (encarnada por Eili Harboe) foi criada sob forte influência da religião dos pais, cristãos devotos. Jovem adulta em pleno processo de emancipação, Thelma ingressou recentemente na faculdade, e se vê, pela primeira vez, morando sozinha e distante da família. Por consequência, e até com incentivo do pai, tem a chance de viver novas experiências e costumes. Um mundo novo e fascinante se apresenta diante dela. Aos olhos do cristianismo, um mundo de tentações.
(Foto: divulgação)
Thelma sofre inexplicadas convulsões epilépticas, conforme desenvolve amizade com Anja (Okay Kaya) |
Com planos e movimentos cuidadosamente elaborados, que encorpam uma sedutora e impactante atmosfera de mistério, e autor de uma obra ainda curta, mas já consistente, Trier é um nome para se ficar de olho, e ‘Thelma’ é a prova mais recente.
Veja o trailer:
Thelma (Thelma) - Noruega/França/Dinamarca/Suécia, 117 min, 2017
Dir.: Joachim Trier - Estreou em 30/11.
As opiniões expressas nessa coluna são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do Portal Telenotícias.
Suspense de primeira, demônios de ‘Thelma’ têm origem em culpa cristã
Reviewed by Thiago S. Mendes
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12/04/2017 07:12:00 PM
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