Moderno, ‘Histórias de Amor...’ combate lógica machista de comédias românticas
Maior parte da equipe de produção é composta por mulheres, incluindo roteiro e direção
Crítica | Por Thiago Mendes
thiagomendes@portaltelenoticias.com
Comédias e tragicomédias românticas são lançadas aos montes a cada ano, mas exemplares que vão além das fórmulas consolidadas deste subgênero, procurando ampliar a compreensão dos personagens e seus conflitos, são mais raros. ‘Histórias de Amor Que Não Pertencem a Este Mundo’ perde o troféu de título mais extenso do ano para ‘Uma Dama de Óculos Escuros com uma Arma no Carro’, mas é certeiro ao aprofundar-se em questões e tabus importantes a respeito da afetividade e sexualidade femininas.
(Foto: Andrea Pirrello)
Com a maior parte da equipe técnica e artística formada por mulheres, incluindo a direção da italiana Francesca Comencini (‘Lo Spazio Bianco’, 2009), que também assina o roteiro com Laura Paolluci e a xará Francesca Manieri, o filme nos conta a história de Claudia e Flavio (Lucia Mascino e Thomas Trabacchi), professores de literatura na mesma universidade, que de maneira inusitada, e até improvável, se apaixonam e vivem um longo, porém instável relacionamento.
Portanto, o longa parte de uma premissa conhecida pelo público, e segue assim por um bom tempo, com frustrações, encontros e desencontros do casal central. É narrado, no entanto, do ponto de vista de Claudia, algo já não tão comum. Nota-se, também, que os protagonistas não são jovens em início de carreira, como manda a convenção para este tipo de filme. São, ao contrário, profissionais consolidados, já na meia-idade, o que aumenta o senso de realismo da trama.
(Foto: Andrea Pirrello)
É sobre essa bem-sucedida harmonia entre o convencional e o incomum que a história se desenrola. Conhecemos a fundo a personalidade insegura de Claudia, que enfrenta um grave complexo de rejeição e torna-se emocionalmente desequilibrada. São dessas situações que os diálogos mais divertidos do filme são criados, embora haja certo descompasso na dose, que nos leva a nos cansar um pouco da personagem.
O frescor é retomado com o ato final, onde, numa sequência onírica, o filme diz a que veio, abordando diretamente temas cada vez menos delicados e omitidos a respeito da afetividade e sexualidade feminina (que, por sinal, enquadram-se perfeitamente a qualquer ser humano). Depois de comer o pão que o diabo amassou para reatar um complicado relacionamento, Claudia encontra alguma paz, sim, mas certamente fora do que décadas de produções do gênero trataram de consolidar como o senso comum para este tipo de desfecho.
Veja o trailer:
Histórias de Amor Que Não Pertencem a Este Mundo
(Amore Che Non Sanno Stare al Mondo)
Itália, 92 min, 2017 - Dir.: Francesca Comencini - Estreou em 15/11.
As opiniões expressas nessa coluna são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do Portal Telenotícias.
Crítica | Por Thiago Mendes
thiagomendes@portaltelenoticias.com
Comédias e tragicomédias românticas são lançadas aos montes a cada ano, mas exemplares que vão além das fórmulas consolidadas deste subgênero, procurando ampliar a compreensão dos personagens e seus conflitos, são mais raros. ‘Histórias de Amor Que Não Pertencem a Este Mundo’ perde o troféu de título mais extenso do ano para ‘Uma Dama de Óculos Escuros com uma Arma no Carro’, mas é certeiro ao aprofundar-se em questões e tabus importantes a respeito da afetividade e sexualidade femininas.
(Foto: Andrea Pirrello)
Os atores Thomas Trabacchi e Lucia Mascino interpretam Flavio e Claudia |
Portanto, o longa parte de uma premissa conhecida pelo público, e segue assim por um bom tempo, com frustrações, encontros e desencontros do casal central. É narrado, no entanto, do ponto de vista de Claudia, algo já não tão comum. Nota-se, também, que os protagonistas não são jovens em início de carreira, como manda a convenção para este tipo de filme. São, ao contrário, profissionais consolidados, já na meia-idade, o que aumenta o senso de realismo da trama.
(Foto: Andrea Pirrello)
Claudia enfrenta um grave complexo de rejeição e torna-se emocionalmente desequilibrada |
O frescor é retomado com o ato final, onde, numa sequência onírica, o filme diz a que veio, abordando diretamente temas cada vez menos delicados e omitidos a respeito da afetividade e sexualidade feminina (que, por sinal, enquadram-se perfeitamente a qualquer ser humano). Depois de comer o pão que o diabo amassou para reatar um complicado relacionamento, Claudia encontra alguma paz, sim, mas certamente fora do que décadas de produções do gênero trataram de consolidar como o senso comum para este tipo de desfecho.
Veja o trailer:
(Amore Che Non Sanno Stare al Mondo)
Itália, 92 min, 2017 - Dir.: Francesca Comencini - Estreou em 15/11.
As opiniões expressas nessa coluna são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do Portal Telenotícias.
Moderno, ‘Histórias de Amor...’ combate lógica machista de comédias românticas
Reviewed by Thiago S. Mendes
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11/18/2017 07:19:00 PM
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