Elenco conta com Jennifer Lawrence, Javier Bardem, Michelle Pfeiffer e Ed Harris
Crítica | Por Thiago Mendes
thiagomendes@portaltelenoticias.com
(Foto: divulgação)
Perturbador é uma boa palavra para descrever o novo filme do diretor norte-americano Darren Aronofsky (‘Noé’, 2014). Em sua obra há sempre elementos inquietantes, cuja origem não sabemos ao certo de início, mas que incomodam e instigam decisivamente a relação para com o público. ‘Cisne Negro’ (2010) talvez seja o exemplo mais imediato.
Acontece que em ‘Mãe!’, seu sétimo longa-metragem, Aronofsky chega ao ápice desta característica. Na verdade, a torna força motriz para a condução do roteiro, também de sua autoria. Com uma rica paisagem sonora e estímulos visuais crescentes, faz questão de, pouco a pouco, ir aguçando nossos sentidos. Por isso ‘Mãe!’ é, antes de tudo, uma forte experiência sensorial. E não poderia ser diferente com um filme aberto a tantas interpretações, que não necessariamente se opõem uma à outra.
(Foto: divulgação)
Numa antiga casa, isolada no campo por todos os lados, vive o poeta e sua esposa. Ele, interpretado pelo espanhol Javier Bardem (‘Biutiful’, 2010). Ela, mais uma memorável atuação de Jennifer Lawrence (‘Joy’, 2015). O artista anda numa fase ruim, não consegue escrever há um bom tempo. A mulher lá está por ele, o apoia incondicionalmente, e sabe que em breve a inspiração virá.
Quem chega antes, porém, são inesperados e misteriosos visitantes. A começar pelo médico e sua cônjuge, encarnados por uma dupla a altura dos protagonistas: Ed Harris (‘Pollock, 2000) e Michelle Pfeiffer (‘Chéri’, 2009). É o gatilho para iniciarmos uma deslumbrante, mas aterrorizadora jornada pelo incansável ego do anfitrião, pelo turbilhão em que se encontra a vasta mente do poeta, a ponto de deixar a nossa própria em parafuso.
É a partir desse ponto que o diretor aproveita para rechear a trama com inúmeras metáforas que mostram seu descontentamento com a atual sociedade, o pessimismo em relação aos rumos que o planeta vem tomando em direção ao colapso social, financeiro e ambiental. Dentro desse contexto compreendemos mais facilmente o que a esposa representa na história, o porquê dela ser quem mais sofre as consequências dos atos do marido, sequer notadas por ele. Como poeta que é, sua ingênua crença e otimismo pelo ser humano o impedem de enxergar o mal que causa à própria mulher.
Com criatividade, sadismo e irresistível poesia imagética (repare no momento em que o poema é “lido”), Aronofsky nos entrega uma horripilante reflexão sobre como andamos tratando o planeta que nos abriga, sobre como temos nos relacionado com os outros filhos desta mesma mãe Terra. Os extremismos políticos e religiosos, a tirania social, o culto à celebridade, a sede por ídolos salvadores, a submissão feminina, e outras tantas mazelas que permanecem afligindo a humanidade estão, de um jeito ou de outro, todas contempladas em ‘Mãe!’ de maneira arrebatadora e inesquecível.
Veja o trailer:
Mãe! (Mother!) - EUA, 121 min, 2017
Dir.: Darren Aronofsky - Estreou em 21/9
As opiniões expressas nessa coluna são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do Portal Telenotícias.
Crítica | Por Thiago Mendes
thiagomendes@portaltelenoticias.com
(Foto: divulgação)
O diretor Aronofsky nos entrega uma horripilante reflexão sobre como andamos tratando o planeta que nos abriga, sobre como temos nos relacionado com os outros filhos desta mesma mãe Terra |
Acontece que em ‘Mãe!’, seu sétimo longa-metragem, Aronofsky chega ao ápice desta característica. Na verdade, a torna força motriz para a condução do roteiro, também de sua autoria. Com uma rica paisagem sonora e estímulos visuais crescentes, faz questão de, pouco a pouco, ir aguçando nossos sentidos. Por isso ‘Mãe!’ é, antes de tudo, uma forte experiência sensorial. E não poderia ser diferente com um filme aberto a tantas interpretações, que não necessariamente se opõem uma à outra.
(Foto: divulgação)
Com uma rica paisagem sonora e estímulos visuais crescentes, 'Mãe!' faz questão de, pouco a pouco, ir aguçando nossos sentidos |
Quem chega antes, porém, são inesperados e misteriosos visitantes. A começar pelo médico e sua cônjuge, encarnados por uma dupla a altura dos protagonistas: Ed Harris (‘Pollock, 2000) e Michelle Pfeiffer (‘Chéri’, 2009). É o gatilho para iniciarmos uma deslumbrante, mas aterrorizadora jornada pelo incansável ego do anfitrião, pelo turbilhão em que se encontra a vasta mente do poeta, a ponto de deixar a nossa própria em parafuso.
É a partir desse ponto que o diretor aproveita para rechear a trama com inúmeras metáforas que mostram seu descontentamento com a atual sociedade, o pessimismo em relação aos rumos que o planeta vem tomando em direção ao colapso social, financeiro e ambiental. Dentro desse contexto compreendemos mais facilmente o que a esposa representa na história, o porquê dela ser quem mais sofre as consequências dos atos do marido, sequer notadas por ele. Como poeta que é, sua ingênua crença e otimismo pelo ser humano o impedem de enxergar o mal que causa à própria mulher.
Com criatividade, sadismo e irresistível poesia imagética (repare no momento em que o poema é “lido”), Aronofsky nos entrega uma horripilante reflexão sobre como andamos tratando o planeta que nos abriga, sobre como temos nos relacionado com os outros filhos desta mesma mãe Terra. Os extremismos políticos e religiosos, a tirania social, o culto à celebridade, a sede por ídolos salvadores, a submissão feminina, e outras tantas mazelas que permanecem afligindo a humanidade estão, de um jeito ou de outro, todas contempladas em ‘Mãe!’ de maneira arrebatadora e inesquecível.
Veja o trailer:
Mãe! (Mother!) - EUA, 121 min, 2017
Dir.: Darren Aronofsky - Estreou em 21/9
As opiniões expressas nessa coluna são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do Portal Telenotícias.
Sádico e poético, o filme ‘Mãe!’ perturba e arrebata
Reviewed by Redação
on
9/21/2017 12:46:00 PM
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