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Apesar de bem dirigido, terror nacional 'O Caseiro' repete fórmula estrangeira

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Por Thiago Mendes
thiagomendes@portaltelenoticias.com

(Foto: divulgação)
Cena do filme 'O Caseiro'
Imagine que, ao ver ‘O Caseiro’, você não reconheça os protagonistas e demais atores do elenco. Em seguida, finja que o filme é dublado, ou que os personagens falem em inglês, com legendas na tela. Feito isso, o que sobra é um típico suspense sobrenatural da América do Norte - que já havia requentado o gênero a partir de produções asiáticas que explodiram na década passada (‘O Grito’, ‘Visões’, ‘O Pesadelo’, etc.).

É bem verdade, ‘O Caseiro’ pouco ou nada deve a qualquer um desses filmes, mas fica evidente, desde as primeiras cenas, que estamos diante de uma fórmula conhecida - especialmente aos fãs do gênero. Aliás, como veremos a seguir, diversos fatores apontam ter sido feito sob medida para o mercado externo.

Logo de cara temos uma pista das pretensões comerciais do projeto, ao surgir na tela a logomarca da lendária Orion Pictures. Hoje subsidiária da MGM, a Orion viveu dias de glória entre os anos 1980 e 90 produzindo e/ou distribuindo joias como ‘Dança com Lobos’ (1990) e ‘O Silêncio dos Inocentes’ (1991). Reavivada recentemente pela proprietária, trata-se da coprodutora e distribuidora internacional do longa.

(Foto: divulgação)
Annalara Prates (Lili) e Bianca Batista (Julia)
dão conta do recado do início ao fim
Passada a tradicional sequência impactante de abertura, onde os mais desavisados se dão conta de que estão assistindo a um filme de sustos (poucos, na verdade) e tensão, nos deparamos em meio a aula de Davi (Bruno Garcia), professor especialista em “psicologia do sobrenatural”. Cético que é, ele aceita o pedido de sua aluna, Renata (Malu Rodrigues), para que investigue misteriosos fatos que vêm ocorrendo na casa dela, onde o pai (Leopoldo Pacheco) acusa o caseiro, falecido décadas atrás, de estar agredindo a filha caçula.

Tão logo somos apresentados aos personagens principais e secundários, percebemos o incrível esforço dos produtores em escalar um elenco de mínima aparência latina. Tendo como parâmetro a palidez de Malu Rodrigues, já imaginamos como será o resto da família. Sim, estamos diante de uma produção brasileira que tenta ser a mais anglo-saxônica possível, o que se estende à locações e cenários. Lembra o papo sobre as intenções internacionais de distribuição?

Nesses poucos minutos iniciais já notamos a adequada trilha sonora de Thomaz Vital, assim como a gélida fotografia de Ulrich Burtin (‘Lisbela e o Prisioneiro’, 2003), experiente alemão radicado no Brasil, que nos coloca rapidamente em clima de atenção e suspense. No entanto, nada além do convencional e esperado, assim como o roteiro, recheado de clichês do gênero, assinado pelo diretor Julio Santi em parceria com João Segall, estreante em longas.

Apesar de tudo, nota-se a competente e promissora direção de Santi, apenas em seu segundo longa-metragem. Ressalta-se, também, o talento do elenco mirim. Annalara Prates (Lili) e Bianca Batista (Julia) dão conta do recado do início ao fim.

Um pouco mais de identidade e personalidade brasileiras fariam bem ao filme, mas fica claro que foi exatamente o oposto que seus realizadores buscaram. Ainda assim, fica a torcida para que conquiste, ao menos, o público fã do gênero, que vem embalado por sucessos como ‘Invocação do Mal’ e ‘Annabelle’. Contra esses, no entanto, ‘O Caseiro’ fica em desvantagem.

Veja o trailer:

O Caseiro (Brasil, 88 min, 2016). Em cartaz desde 23/6.

As opiniões expressas nessa coluna são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do Portal Telenotícias.
Apesar de bem dirigido, terror nacional 'O Caseiro' repete fórmula estrangeira Apesar de bem dirigido, terror nacional 'O Caseiro' repete fórmula estrangeira Reviewed by Redação on 6/24/2016 07:49:00 PM Rating: 5

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