Por Thiago Mendes
thiagomendes@portaltelenoticias.com
(Foto: divulgação)
Pode-se definir ‘Sinfonia da Necrópole’ como um bem-humorado suspense musical, que conta, ainda, com uma boa pitada de terror e fantasia |
Eleito pelo júri da crítica como o melhor filme dos tradicionais festivais de Gramado (RS) e Mar Del Plata (Argentina) ainda em 2014, ‘Sinfonia’ nos apresenta Deodato (Eduardo Gomes), um jovem aprendiz de coveiro que tem medo dos mortos e não suporta cavoucar sepulturas, preferindo, sim, dar asas às suas aspirações artísticas como músico e poeta. Ele recebe uma nova chance de manter o emprego ao ser designado pelo complacente administrador do cemitério, Aloízio (em bela interpretação de Hugo Villavicenzio), para acompanhar e auxiliar Jaqueline (Luciana Paes), a exótica funcionária do serviço funerário do município, enviada para realizar o recadastramento de todos os túmulos do local. Desta forma, Deodato pode manter distância da pá e dos recém-falecidos, a troco de reavivar pilhas e pilhas dos arquivos mortos do cemitério.
(Foto: divulgação)
‘Sinfonia’ nos apresenta Deodato (Eduardo Gomes), um jovem aprendiz de coveiro que tem medo dos mortos e não suporta cavoucar sepulturas |
É desta premissa que parte Juliana Rojas ao conceber o cemitério como metáfora de uma grande cidade, a necrópole do título: “cidade dos mortos”. Deparamo-nos, essencialmente - mas não só -, com questões relacionadas à superpopulação e realojamento dos “habitantes”, de onde notamos o grande objetivo de Jaqueline: abrir espaço para novos jazigos, novas residências. É a reurbanização sepulcral, cujas soluções imediatas são velhas conhecidas de qualquer metrópole: revitalizar áreas deterioradas (túmulos abandonados) e verticalizar moradias, a fim de otimizar o uso do local - quantos já não se sentiram “engavetados” em seus próprios apartamentos populares? Afinal, a relação entre classes sociais também é levada em conta diante de tal operação. O filme gira, também, em torno do dilema ético e moral de Deodato, que reluta em “desapropriar” e realocar as ossadas.
(Foto: divulgação)
Produção nacional foi eleita pela crítica como o melhor filme dos festivais de Gramado (RS) e Mar Del Plata (Argentina) em 2014 |
Com canções e diálogos sagazes, e elenco bem composto, ‘Sinfonia da Necrópole’ traz um desejado suspiro de criatividade e inovação ao cinema nacional, um raio de luz sobre a mesmice e superficialidade que, com cada vez mais raras exceções, tem sido via de regra em produções do país - embora grande parte do problema não seja a falta de realizadores aptos, e, sim, colocar nas mãos certas a decisão sobre a escolha dos projetos financiados. Tema para outra discussão.
Dica de ouro: o filme também está em exibição no Centro Cultural São Paulo, de 14 a 20/4, a preço popular (R$ 1,00), e em diversos horários.
Visto durante o 6º Festival de Paulínia, em julho de 2014.
As opiniões expressas nessa coluna são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do Portal Telenotícias.
'Sinfonia da Necrópole': o cinema brasileiro respira
Reviewed by Redação
on
4/14/2016 06:28:00 PM
Rating:
Nenhum comentário
Fale com a redação: contato@portaltelenoticias.com