Artigo │ Por Coriolano Xavier
(Foto: Getty Images)
A sacolinha plástica dos supermercados voltou. Não dá pra dizer que isso é ruim em si, pois o artefato tem um papel de conveniência que foi consagrado por anos de uso no varejo e, assim, adquiriu um lugar próprio em nossa cultura de consumo.
Mas talvez seja válido perguntar: das razões de cenário ambiental que levaram ao debate e proposta de suspensão da sacolinha no varejo de auto-serviço, meses atrás, o que mudou agora para se passar uma borracha em tudo?
Está certo que a questão nunca foi uma unanimidade. Mas isso, em geral, é o que ocorre quando surgem proposições que revisam conceitos e mudam paradigmas. O fato é que continuaremos a jogar no lixo de 2,5 a 3 bilhões de sacolinhas/mês, só no Estado de São Paulo (segundo estimativas publicadas na imprensa, no auge das discussões).
Pessoalmente continuarei a me abster da sacolinha plástica nas compras, em favor de uma “sacolona” de lona, herança de minha mãe, procedimento que acabei adotando durante os debates que precederam a épica proibição da sacolinha, no início deste ano. Por quê?
Porque ela vem de energia fóssil e tem pegada de carbono, porque o aquecimento da Terra é real (ou pelo menos opinião dominante entre os cientistas), porque as toneladas e toneladas de sacolinhas demoram a degradar e porque não há estrutura suficiente para coleta seletiva e reciclagem de lixo na cidade onde moro.
Na maioria das cidades de porte pelo Brasil afora, aliás, essa situação se repete. Às vezes, até já existem processos organizados de coleta seletiva; mas é comum encontrar um descompasso entre os necessários investimentos e incentivos para a industrialização do lixo, quebrando assim a corrente da eficiência na reciclagem.
Um dos caminhos para mudar essa realidade está no voto, buscando o comprometimento dos candidatos com políticas que construam uma urbanidade mais sustentável. Agora mesmo teremos uma grande rodada de eleições municipais que é oportunidade para se debater e alertar as pessoas sobre a importância de plataformas políticas que também tragam ganhos sustentáveis para o dia a dia das cidades.
(Foto: divulgação)
Coriolano Xavier |
Isso implica em revisar hábitos, conhecer mais e até votar na sustentabilidade. Não importa se for milimétrico o avanço. Se os problemas existem, alguma coisa tem que ser feita. Isso é o que nos faz ser uma humanidade.
Coriolano Xavier é membro do CCAS – Conselho Científico para a Agricultura Sustentável, e professor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing.
Sacolinha, voto e atitude
Reviewed by Redação
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10/02/2012 09:30:00 AM
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