No melhor dos cenários, pacientes podem não necessitar mais de terapia antiviral, diz especialista
Por Maria Emília Zampieri
(Foto: Getty Images)
Na última semana, a equipe de farmacêuticos liderada pelo pesquisador brasileiro Luiz Pianowski, do laboratório Kyolab, obteve resultados promissores em mais uma etapa dos testes para desenvolvimento de fitomedicamento para combate ao vírus HIV, e os profissionais envolvidos anunciam que já deram sequência nos estudos.
Os testes realizados na semana passada em Bourdeax, na França, foram feitos em peixes (zebrafish), para verificação dos índices de toxicidade do princípio ativo em análise. Como era esperado, a dosagem eficaz é bem inferior à dosagem tóxica, permitindo o avanço da pesquisa. A partir do mês de março tem início a fase de testes em macacos, uma das últimas fases antes do teste em humanos.
Pianowski explica que sua equipe testa os efeitos de um fitofármaco (substância ativa isolada de plantas) inédito nas células que contém vírus HIV latentes, maior desafio atual da medicina no combate à doença. “Consideramos que a persistência de células infectadas de forma latente é a principal barreira à cura da infecção pelo HIV – hoje, consegue-se combater os vírus quando eles saem da célula infectada por multipicação, mas não os que continuam dentro das latentes (como parte integrante do cromossomo), ou seja, sempre permanece no organismo uma espécie de ‘reservatório’ do vírus nas células latentes, o que garante que a doença continue existindo naquele organismo. A expectativa é que o AM12, como chamamos nosso ativo, consiga agir exatamente nessas células latentes”, aponta.
A proposta, segundo ele, é ativar o vírus latente apenas o suficiente para que seja possível destruí-lo. Nas duas primeiras fases da pesquisa, a equipe obteve sucesso em reativar os vírus latentes de HIV-1 em diferentes concentrações, sem apresentar fatores de citotoxicidade.
A etapa que tem início agora passa dos testes in vitro para in vivo, primeiramente em modelos animais (infectados por SIV).
“Nosso objetivo final é chegar a uma molécula que ative os reservatórios latentes do HIV, que em conjunto com aterapia antiviral posa levar à extinção de todo reservatório capaz de replicar e re-infectar o indivíduo. Esse feito pode levar o paciente HIV positivo a parar a medicação e ficar com sistema imune em boas condições ou, no melhor dos cenários, não necessitar mais de terapia antiviral”, complementa Pianowski, explicando que “ainda há muito a ser feito, mas estamos trilhando um caminho de sucesso”.
Infecção pelo vírus HIV no Brasil
A epidemia de infecção pelo HIV é claramente definida como um problema médico e de saúde pública. Além disso, a epidemia de Aids caracteriza-se por um problema sócio-econômico, principalmente para os países em desenvolvimento, uma vez que a população economicamente ativa é a mais acometida. Dentre os países da América Latina, o Brasil abrange cerca de 1/3 dos portadores do HIV, devido a sua larga extensão territorial. Nesses quase 30 anos de pandemia, mais de 20 milhões de indivíduos morreram em todo o mundo por causas associadas à Aids e, no ano de 2008, maisde 33 milhões de pessoas encontravam-se infectadas pelo HIV.
Por Maria Emília Zampieri
(Foto: Getty Images)
Pesquisador trabalhando em laboratório (Imagem ilustrativa) |
Os testes realizados na semana passada em Bourdeax, na França, foram feitos em peixes (zebrafish), para verificação dos índices de toxicidade do princípio ativo em análise. Como era esperado, a dosagem eficaz é bem inferior à dosagem tóxica, permitindo o avanço da pesquisa. A partir do mês de março tem início a fase de testes em macacos, uma das últimas fases antes do teste em humanos.
Pianowski explica que sua equipe testa os efeitos de um fitofármaco (substância ativa isolada de plantas) inédito nas células que contém vírus HIV latentes, maior desafio atual da medicina no combate à doença. “Consideramos que a persistência de células infectadas de forma latente é a principal barreira à cura da infecção pelo HIV – hoje, consegue-se combater os vírus quando eles saem da célula infectada por multipicação, mas não os que continuam dentro das latentes (como parte integrante do cromossomo), ou seja, sempre permanece no organismo uma espécie de ‘reservatório’ do vírus nas células latentes, o que garante que a doença continue existindo naquele organismo. A expectativa é que o AM12, como chamamos nosso ativo, consiga agir exatamente nessas células latentes”, aponta.
A proposta, segundo ele, é ativar o vírus latente apenas o suficiente para que seja possível destruí-lo. Nas duas primeiras fases da pesquisa, a equipe obteve sucesso em reativar os vírus latentes de HIV-1 em diferentes concentrações, sem apresentar fatores de citotoxicidade.
A etapa que tem início agora passa dos testes in vitro para in vivo, primeiramente em modelos animais (infectados por SIV).
“Nosso objetivo final é chegar a uma molécula que ative os reservatórios latentes do HIV, que em conjunto com aterapia antiviral posa levar à extinção de todo reservatório capaz de replicar e re-infectar o indivíduo. Esse feito pode levar o paciente HIV positivo a parar a medicação e ficar com sistema imune em boas condições ou, no melhor dos cenários, não necessitar mais de terapia antiviral”, complementa Pianowski, explicando que “ainda há muito a ser feito, mas estamos trilhando um caminho de sucesso”.
Infecção pelo vírus HIV no Brasil
A epidemia de infecção pelo HIV é claramente definida como um problema médico e de saúde pública. Além disso, a epidemia de Aids caracteriza-se por um problema sócio-econômico, principalmente para os países em desenvolvimento, uma vez que a população economicamente ativa é a mais acometida. Dentre os países da América Latina, o Brasil abrange cerca de 1/3 dos portadores do HIV, devido a sua larga extensão territorial. Nesses quase 30 anos de pandemia, mais de 20 milhões de indivíduos morreram em todo o mundo por causas associadas à Aids e, no ano de 2008, maisde 33 milhões de pessoas encontravam-se infectadas pelo HIV.
Pesquisadores brasileiros avançam em pesquisa para o combate ao HIV
Reviewed by Redação
on
3/01/2012 02:06:00 PM
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