Artigo │ Por Reginaldo Gonçalves*
(Foto: divulgação)
A Copa do Mundo de 2014 é um sonho dos brasileiros, mas os altos custos inerentes às obras de estádios e infraestrutura gerarão discussões até a sua conclusão. O planejamento apresenta vários vícios e fragilidades em tomadas de decisões, que já deveriam ser colocadas e votadas não somente quanto aos investimentos, mas também no tocante às solicitações feitas pela Fifa.
Em virtude dessa situação, o secretário-geral da entidade maior do futebol, Jérôme Valcke, disse que o Brasil deveria levar um "chute no traseiro" para que as obras, assim como decisões sobre mudanças da legislação, fossem agilizadas e cumpridas de acordo com o cronograma. Infelizmente, no país que tem uma cultura de deixar tudo para a última hora, os dirigentes acham-se humilhados ou desrespeitados, como aconteceu com o ministro Aldo Rebelo, que, inclusive, solicitou o afastamento de Valcke das negociações, em carta À Fifa.
Para ter o devido respeito, o Brasil, uma nação emergente, deverá aprender a cumprir cronogramas e efetuar orçamentos que sejam, no mínimo, sustentáveis e coerentes com as propostas possíveis. A cada novo cálculo, maiores são os custos apurados, ou seja, ou não sabem fazer contas ou tudo é provocado para gerar descontrole, favorecendo – direta ou indiretamente – empresas com preços majorados.
Se houver uma análise pertinente à Copa de 2014, o gasto projetado inclui aeroportos, estádios, hotelaria, investimentos não vinculados às cidades-sede, mobilidade urbana, portos e segurança pública. Isso tudo soma um valor, até 6 de março de 2012, de R$ 26,5 bilhões. Somente com as arenas, os gastos projetados são de R$ 6,7 bilhões, dos quais já foi realizado R$ 1,5 bilhão, ou seja, cerca de 22,4%. Nas obras de mobilidade urbana, uma das principais, o aporte previsto é de R$ 12,4 bilhões, sendo que foi investido R$ 1,5 bilhão, representando 12,1%.
Em São Paulo, os investimentos estão na seguinte situação: para a arena (do Corinthians...) foi projetado gasto de R$ 820 milhões, e não foi confirmada a liberação dos recursos, embora em plena obra; e a parte relacionada à mobilidade urbana prevê a implantação do monotrilho, orçado em R$ 1,9 bilhão. Ainda não há nada confirmado com relação a esta obra.
A ABDIB (Associação Brasileira de Infraestrutura e Estrutura de Base) estimou gastos totais para a Copa de 2014: R$ 117,8 bilhões, valor esse superior ao projetado pelos representantes do governo, cujos valores giram em torno de R$ 26,5 bilhões. Agora vem o questionamento: quem está certo?
Em um país que possui dirigentes que desconhecem contas e que não sabem ao menos quanto irá se gastar com as obras para a Copa, fica difícil analisar e controlar os recursos. As contas não fecham e o dinheiro, por falta de controle mais específico, pode descer por goela abaixo em investimentos desnecessários, que somente encarecem o processo e não levam benefícios à coletividade.
A posição radical de dirigentes pode apontar indiretamente falhas no processo. Precisamos considerar o que é de útil na crítica e descartar palavras chamuscadas. A nada levarão os choques de interesses e caprichos. Está na hora dos governantes serem responsáveis e cumprirem contratos. A lição tem de sair de casa para que possamos nos impor e melhorar nossa imagem no exterior.
*Reginaldo Gonçalves é coordenador de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina.
(Foto: divulgação)
Reginaldo Gonçalves |
Em virtude dessa situação, o secretário-geral da entidade maior do futebol, Jérôme Valcke, disse que o Brasil deveria levar um "chute no traseiro" para que as obras, assim como decisões sobre mudanças da legislação, fossem agilizadas e cumpridas de acordo com o cronograma. Infelizmente, no país que tem uma cultura de deixar tudo para a última hora, os dirigentes acham-se humilhados ou desrespeitados, como aconteceu com o ministro Aldo Rebelo, que, inclusive, solicitou o afastamento de Valcke das negociações, em carta À Fifa.
Para ter o devido respeito, o Brasil, uma nação emergente, deverá aprender a cumprir cronogramas e efetuar orçamentos que sejam, no mínimo, sustentáveis e coerentes com as propostas possíveis. A cada novo cálculo, maiores são os custos apurados, ou seja, ou não sabem fazer contas ou tudo é provocado para gerar descontrole, favorecendo – direta ou indiretamente – empresas com preços majorados.
Se houver uma análise pertinente à Copa de 2014, o gasto projetado inclui aeroportos, estádios, hotelaria, investimentos não vinculados às cidades-sede, mobilidade urbana, portos e segurança pública. Isso tudo soma um valor, até 6 de março de 2012, de R$ 26,5 bilhões. Somente com as arenas, os gastos projetados são de R$ 6,7 bilhões, dos quais já foi realizado R$ 1,5 bilhão, ou seja, cerca de 22,4%. Nas obras de mobilidade urbana, uma das principais, o aporte previsto é de R$ 12,4 bilhões, sendo que foi investido R$ 1,5 bilhão, representando 12,1%.
Em São Paulo, os investimentos estão na seguinte situação: para a arena (do Corinthians...) foi projetado gasto de R$ 820 milhões, e não foi confirmada a liberação dos recursos, embora em plena obra; e a parte relacionada à mobilidade urbana prevê a implantação do monotrilho, orçado em R$ 1,9 bilhão. Ainda não há nada confirmado com relação a esta obra.
A ABDIB (Associação Brasileira de Infraestrutura e Estrutura de Base) estimou gastos totais para a Copa de 2014: R$ 117,8 bilhões, valor esse superior ao projetado pelos representantes do governo, cujos valores giram em torno de R$ 26,5 bilhões. Agora vem o questionamento: quem está certo?
Em um país que possui dirigentes que desconhecem contas e que não sabem ao menos quanto irá se gastar com as obras para a Copa, fica difícil analisar e controlar os recursos. As contas não fecham e o dinheiro, por falta de controle mais específico, pode descer por goela abaixo em investimentos desnecessários, que somente encarecem o processo e não levam benefícios à coletividade.
A posição radical de dirigentes pode apontar indiretamente falhas no processo. Precisamos considerar o que é de útil na crítica e descartar palavras chamuscadas. A nada levarão os choques de interesses e caprichos. Está na hora dos governantes serem responsáveis e cumprirem contratos. A lição tem de sair de casa para que possamos nos impor e melhorar nossa imagem no exterior.
*Reginaldo Gonçalves é coordenador de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina.
O preço da Copa
Reviewed by Redação
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3/31/2012 09:41:00 PM
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