As mudanças que ocorrem no organismo da mulher durante a maturidade ainda levantam dúvidas sobre problemas de saúde, corpo, alimentação, sexualidade
Por Renata Faila
(Foto: divulgação)
A menopausa é marcada pelo último ciclo menstrual e o final do período reprodutivo da mulher. As alterações biológicas, psicológicas e sociais são comuns nessa época da vida feminina e podem ser encaradas como o nascimento de uma nova mulher. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 2030, mais de 1 bilhão de mulheres estarão na menopausa. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) avalia que mais de 13,5 milhões passam pelo climatério atualmente. No Dia Mundial da Menopausa, (18 de outubro), a Dra. Carolina Ambrogini, médica ginecologista, obstetra e sexóloga, Coordenadora do Projeto Afrodite, do Centro de Sexualidade Feminina da UNIFESP, esclarece as principais dúvidas com relação à prevenção de doenças cardiovasculares e as principais mudanças que ocorrem no organismo feminino na fase mais madura.
Quais são as principais mudanças no organismo da mulher quando ela chega à menopausa?
Dra. Carolina Ambrogini - A menopausa começa um ano da data da última menstruação. É um marco do que chamamos hoje de “transição menopausa”, período da vida da mulher caracterizado pela perda progressiva da fertilidade e que acarreta a queda dos níveis de estrogênio, principal hormônio feminino. Podemos classificar as mudanças em genitais e extragenitais. Na genitália observa-se diminuição de pêlos, a mucosa da vagina torna-se mais fina, podendo levar à dor na relação sexual e à diminuição da lubrificação, além de aumento do risco para corrimentos e infecções urinárias por causa da alteração do ph vaginal. Além disso, o útero, as tubas e os ovários diminuem de tamanho. No corpo da mulher há um desequilíbrio do centro de controle da temperatura corporal, o que ocasiona as famosas ondas de calor ou fogachos. Registra-se ainda uma maior ocorrência de doenças do coração, osteoporose, depressão e alterações do sono.
A mulher corre mais risco de desenvolver doenças cardiovasculares durante a menopausa?
Dra. Carolina Ambrogini - Quando a mulher entra na menopausa ela perde a proteção cardiovascular oferecida pelo estrogênio. Esse hormônio age nas paredes das artérias promovendo a sua dilatação e também aumenta o colesterol bom, o HDL, que protege contra a formação da placa de aterosclerose. Outras doenças como a hipertensão, o diabetes, o tabagismo e altos índices de colesterol e triglicérides também contribuem para o aumento do risco nessa fase.
É verdade que as mulheres apresentam problemas cardiovasculares em idade mais avançada que os homens?
Dra. Carolina Ambrogini - Sim, as mulheres têm a proteção estrogênica até chegar à menopausa, que ocorre em torno dos 50 anos. Após a queda dos níveis de estrogênio no organismo, elas tendem a ter os mesmos riscos cardiovasculares que os homens.
Por que ao controlar a hipertensão arterial, diminuí-se o risco cardiovascular?
Dra. Carolina Ambrogini - A hipertensão é um importante fator de risco para as doenças cardiovasculares. Quando descontrolada, aumenta as chances para o infarto agudo do miocárdio e também para o acidente vascular cerebral (AVC). Os níveis normais de pressão arterial variam de pessoa para pessoa, ficando entre 120 e 130 de pressão máxima e 80 de mínima. Quando os níveis ultrapassam 140 de pressão máxima e 90 de mínima, a pessoa pode ser considerada hipertensa e isso também é válido para as mulheres em menopausa.
A terapia de reposição hormonal (TRH) é uma opção de tratamento para reduzir o risco cardiovascular?
Dra. Carolina Ambrogini - Para aquela mulher que não tem doença cardiovascular prévia, a terapia hormonal pode ajudar na prevenção, junto com práticas saudáveis de vida. Nesta hora, toda mulher deve ser avaliada de forma individual com relação às suas queixas, fatores de risco e antecedentes pessoais e familiares para que se possa chegar à melhor opção terapêutica. A terapia hormonal, em baixas doses, como é hoje preconizada, pode sim melhorar a qualidade de vida da mulher que sofre com a menopausa.
Com a chegada da menopausa, a rotina da mulher deve sofrer alguma alteração?
Dra. Carolina Ambrogini - Quando a palavra menopausa vem à cabeça sempre a associamos com o envelhecimento e com as alterações corporais. A palavra vem com uma conotação muito negativa, que pode diminuir a autoestima das mulheres. No entanto, é bom lembrar que apesar do corpo estar envelhecendo, a alma está mais madura, mais sábia. A família, na maioria das vezes, já está constituída, os filhos encaminhados e o trabalho consolidado. Percebo que as mulheres que não alteram sua rotina por conta da menopausa, ou que dão pouca importância a ela, têm menos sintomas. O que deve mudar são apenas os cuidados com a saúde e as práticas que promovem o bem-estar. Estes sim merecem ser intensificados, mas a vida deve correr seu fluxo normal.
A alimentação deve sofrer alguma modificação nessa fase da vida da mulher?
Dra. Carolina Ambrogini - Sim, como a mulher nessa fase tem uma maior propensão às doenças cardiovasculares, a alimentação deve ser mais saudável. Ela deve se preocupar em ter uma dieta pobre em gorduras de origem animal que elevam o colesterol ruim (que se acumula nas artérias), e rica em gorduras poliinsaturadas, como as presentes nas castanhas, no azeite, na linhaça e nos peixes de águas frias, que aumentam o colesterol bom. Os alimentos ricos em cálcio, como leite e seus derivados, e os vegetais de folhas escuras também não devem ser esquecidos por conta do risco de osteoporose.
Praticar esporte pode melhorar a qualidade de vida da mulher na menopausa?
Dra. Carolina Ambrogini - A prática de atividade física é importante em qualquer etapa da vida. Após a menopausa, a mulher tende a ganhar mais peso, pelo metabolismo que se torna mais lento. Além disto, há uma maior tendência à osteoporose e doenças do coração, patologias que podem ser prevenidas com o exercício físico. A prática deve ser orientada por um profissional de educação física para evitar lesões e deve conter uma parte aeróbica e outra de fortalecimento muscular. A atividade física gera bem-estar, melhora a qualidade do sono e mantém a autoestima da mulher em alta, porque ela se sente mais bonita.
Saiba mais sobre risco cardiovascular na menopausa
A mulher costuma entrar na menopausa por volta dos 50 anos e é nesta fase que aumenta o risco de acidente vascular cerebral (AVC). Entre as principais causas de AVC está a fibrilação atrial, um tipo de arritmia cardíaca comum, que afeta principalmente as pessoas na maturidade. De acordo com o Dr. Mauricio Scanavacca, cardiologista do Grupo de Arritmias Cardíacas do Instituto do Coração (Incor, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), cerca de 60% dos pacientes acima dos 75 anos com fibrilação atrial são mulheres. “É uma doença que praticamente não acomete pessoas jovens e está relacionada a fatores como hipertensão arterial, diabetes e doenças cardiovasculares pré-existentes”, afirma Scanavacca.
Atualmente, anticoagulantes modernos como a rivaroxabana (Xarelto®, da Bayer HealthCare Pharmaceuticals) estão sendo estudados para a prevenção do AVC nos pacientes com fibrilação atrial. Esse princípio ativo tem um rápido início de ação com uma dose-resposta previsível e alta biodisponibilidade, não exige o monitoramento da coagulação e também possui pouco potencial de interação com alimentos e outros medicamentos.
Recomendações sobre uso da TRH
Dos vários tratamentos disponíveis para os sintomas da menopausa, a terapia de reposição hormonal é a mais indicada, pois é a única que demonstra eficácia no alívio dos sintomas (fogachos, insônia, irritabilidade, depressão, atrofia genital, entre outros), protege contra a perda de colágeno e atrofia da pele, conserva a massa óssea e reduz o risco de fraturas por osteoporose com benefícios consideráveis sobre a qualidade de vida das pacientes. O que difere as terapias são os progestagênios, pois cada um traz um tipo de benefício. Entre as terapias disponíveis no mercado, a drospirenona (Angeliq®, da Bayer HealthCare Pharmaceuticals) demonstrou em diversos estudos efeitos significativos na redução da pressão arterial das mulheres, além do alívio dos sintomas da menopausa. Devido à sua propriedade antimineralocorticóide e antiandrogênica, a drospirenona evita a retenção de líquido e o aumento de peso, produzindo efeitos diretos sobre o sistema cardiocirculatório.
Por Renata Faila
(Foto: divulgação)
Dra. Carolina Ambrogini |
Quais são as principais mudanças no organismo da mulher quando ela chega à menopausa?
Dra. Carolina Ambrogini - A menopausa começa um ano da data da última menstruação. É um marco do que chamamos hoje de “transição menopausa”, período da vida da mulher caracterizado pela perda progressiva da fertilidade e que acarreta a queda dos níveis de estrogênio, principal hormônio feminino. Podemos classificar as mudanças em genitais e extragenitais. Na genitália observa-se diminuição de pêlos, a mucosa da vagina torna-se mais fina, podendo levar à dor na relação sexual e à diminuição da lubrificação, além de aumento do risco para corrimentos e infecções urinárias por causa da alteração do ph vaginal. Além disso, o útero, as tubas e os ovários diminuem de tamanho. No corpo da mulher há um desequilíbrio do centro de controle da temperatura corporal, o que ocasiona as famosas ondas de calor ou fogachos. Registra-se ainda uma maior ocorrência de doenças do coração, osteoporose, depressão e alterações do sono.
A mulher corre mais risco de desenvolver doenças cardiovasculares durante a menopausa?
Dra. Carolina Ambrogini - Quando a mulher entra na menopausa ela perde a proteção cardiovascular oferecida pelo estrogênio. Esse hormônio age nas paredes das artérias promovendo a sua dilatação e também aumenta o colesterol bom, o HDL, que protege contra a formação da placa de aterosclerose. Outras doenças como a hipertensão, o diabetes, o tabagismo e altos índices de colesterol e triglicérides também contribuem para o aumento do risco nessa fase.
É verdade que as mulheres apresentam problemas cardiovasculares em idade mais avançada que os homens?
Dra. Carolina Ambrogini - Sim, as mulheres têm a proteção estrogênica até chegar à menopausa, que ocorre em torno dos 50 anos. Após a queda dos níveis de estrogênio no organismo, elas tendem a ter os mesmos riscos cardiovasculares que os homens.
Por que ao controlar a hipertensão arterial, diminuí-se o risco cardiovascular?
Dra. Carolina Ambrogini - A hipertensão é um importante fator de risco para as doenças cardiovasculares. Quando descontrolada, aumenta as chances para o infarto agudo do miocárdio e também para o acidente vascular cerebral (AVC). Os níveis normais de pressão arterial variam de pessoa para pessoa, ficando entre 120 e 130 de pressão máxima e 80 de mínima. Quando os níveis ultrapassam 140 de pressão máxima e 90 de mínima, a pessoa pode ser considerada hipertensa e isso também é válido para as mulheres em menopausa.
A terapia de reposição hormonal (TRH) é uma opção de tratamento para reduzir o risco cardiovascular?
Dra. Carolina Ambrogini - Para aquela mulher que não tem doença cardiovascular prévia, a terapia hormonal pode ajudar na prevenção, junto com práticas saudáveis de vida. Nesta hora, toda mulher deve ser avaliada de forma individual com relação às suas queixas, fatores de risco e antecedentes pessoais e familiares para que se possa chegar à melhor opção terapêutica. A terapia hormonal, em baixas doses, como é hoje preconizada, pode sim melhorar a qualidade de vida da mulher que sofre com a menopausa.
Com a chegada da menopausa, a rotina da mulher deve sofrer alguma alteração?
Dra. Carolina Ambrogini - Quando a palavra menopausa vem à cabeça sempre a associamos com o envelhecimento e com as alterações corporais. A palavra vem com uma conotação muito negativa, que pode diminuir a autoestima das mulheres. No entanto, é bom lembrar que apesar do corpo estar envelhecendo, a alma está mais madura, mais sábia. A família, na maioria das vezes, já está constituída, os filhos encaminhados e o trabalho consolidado. Percebo que as mulheres que não alteram sua rotina por conta da menopausa, ou que dão pouca importância a ela, têm menos sintomas. O que deve mudar são apenas os cuidados com a saúde e as práticas que promovem o bem-estar. Estes sim merecem ser intensificados, mas a vida deve correr seu fluxo normal.
A alimentação deve sofrer alguma modificação nessa fase da vida da mulher?
Dra. Carolina Ambrogini - Sim, como a mulher nessa fase tem uma maior propensão às doenças cardiovasculares, a alimentação deve ser mais saudável. Ela deve se preocupar em ter uma dieta pobre em gorduras de origem animal que elevam o colesterol ruim (que se acumula nas artérias), e rica em gorduras poliinsaturadas, como as presentes nas castanhas, no azeite, na linhaça e nos peixes de águas frias, que aumentam o colesterol bom. Os alimentos ricos em cálcio, como leite e seus derivados, e os vegetais de folhas escuras também não devem ser esquecidos por conta do risco de osteoporose.
Praticar esporte pode melhorar a qualidade de vida da mulher na menopausa?
Dra. Carolina Ambrogini - A prática de atividade física é importante em qualquer etapa da vida. Após a menopausa, a mulher tende a ganhar mais peso, pelo metabolismo que se torna mais lento. Além disto, há uma maior tendência à osteoporose e doenças do coração, patologias que podem ser prevenidas com o exercício físico. A prática deve ser orientada por um profissional de educação física para evitar lesões e deve conter uma parte aeróbica e outra de fortalecimento muscular. A atividade física gera bem-estar, melhora a qualidade do sono e mantém a autoestima da mulher em alta, porque ela se sente mais bonita.
Saiba mais sobre risco cardiovascular na menopausa
A mulher costuma entrar na menopausa por volta dos 50 anos e é nesta fase que aumenta o risco de acidente vascular cerebral (AVC). Entre as principais causas de AVC está a fibrilação atrial, um tipo de arritmia cardíaca comum, que afeta principalmente as pessoas na maturidade. De acordo com o Dr. Mauricio Scanavacca, cardiologista do Grupo de Arritmias Cardíacas do Instituto do Coração (Incor, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), cerca de 60% dos pacientes acima dos 75 anos com fibrilação atrial são mulheres. “É uma doença que praticamente não acomete pessoas jovens e está relacionada a fatores como hipertensão arterial, diabetes e doenças cardiovasculares pré-existentes”, afirma Scanavacca.
Atualmente, anticoagulantes modernos como a rivaroxabana (Xarelto®, da Bayer HealthCare Pharmaceuticals) estão sendo estudados para a prevenção do AVC nos pacientes com fibrilação atrial. Esse princípio ativo tem um rápido início de ação com uma dose-resposta previsível e alta biodisponibilidade, não exige o monitoramento da coagulação e também possui pouco potencial de interação com alimentos e outros medicamentos.
Recomendações sobre uso da TRH
Dos vários tratamentos disponíveis para os sintomas da menopausa, a terapia de reposição hormonal é a mais indicada, pois é a única que demonstra eficácia no alívio dos sintomas (fogachos, insônia, irritabilidade, depressão, atrofia genital, entre outros), protege contra a perda de colágeno e atrofia da pele, conserva a massa óssea e reduz o risco de fraturas por osteoporose com benefícios consideráveis sobre a qualidade de vida das pacientes. O que difere as terapias são os progestagênios, pois cada um traz um tipo de benefício. Entre as terapias disponíveis no mercado, a drospirenona (Angeliq®, da Bayer HealthCare Pharmaceuticals) demonstrou em diversos estudos efeitos significativos na redução da pressão arterial das mulheres, além do alívio dos sintomas da menopausa. Devido à sua propriedade antimineralocorticóide e antiandrogênica, a drospirenona evita a retenção de líquido e o aumento de peso, produzindo efeitos diretos sobre o sistema cardiocirculatório.
Menopausa pode aumentar risco cardiovascular na mulher
Reviewed by Redação
on
10/18/2011 08:00:00 AM
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