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De Olho no Lance: Aos flamenguistas, há uma década

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Por Alisson Matos

(Foto: Hipólito Pereira / O Globo)
Petkovic comemora o gol do tri em 2001
Eram tempos de crises. Salários atrasados, desvantagem no placar e um presidente que não deixou saudades.

Como consolo, a maior parte do Maracanã vestida com as cores do Manto Sagrado, e um treinador que, aos 69 anos à época, jamais acreditara no impossível.

O Flamengo entrou em campo sob os olhares de Zagallo, da torcida e apegado à sua grandeza.

O adversário?

O Vasco que venceu a primeira partida da final e providenciou até o chopp da vitória, tamanha a confiança de Eurico Miranda.

Mas, com o perdão do chavão, como dizem os filósofos da bola, o jogo só acaba quando termina.

A bola rolou.

O Flamengo, que precisava do resultado, tinha uma única instrução do Velho Lobo: atacar.

E foi o que fez.

Beto chutou por cima.

Juninho Paulista respondeu.

Edilson, em nova jogada de Beto, chutou fraco.

No lance seguinte, o goleiro Júlio César começou a fazer milagre em chute de Viola.

O jogo era aberto.

Zagallo preocupado com os contra-ataques e Joel Santana, do outro lado, de olho na prancheta e no relógio.

Beto, até então o melhor em campo, achou o lateral Cássio que foi derrubado na área.

Pênalti que o Capetinha Edilson cobrou sem chance para Hélton.

1x0.

Daí em diante, o que se viu foram chances perdidas por Pedrinho e um gol bem anulado do Filho do Vento, Euller.

A pressão era grande, a torcida do Vasco se agigantou na mesma proporção que a do Flamengo esfriou-se, até que Viola encontrou Juninho Paulista para empatar.

1x1

E o autor do gol só não virou o placar porque, naquele dia, o Cristo Redentor havia escolhido para que time torcer.

O fim do primeiro tempo chegou com a sensação de que o segundo reservaria algo especial.

Embora parecesse, não era uma tarde normal.

A segunda etapa começou com o goleiro do Vasco evitando um gol de Petkovic.

O brasileiro que nasceu na Sérvia, no lance seguinte, fez jogada de craque, de dono da bola, do jogo e colocou a pelota na cabeça de Edilson, que marcou.

2x1

A torcida do Flamengo se empolgou. Voltou a cantar todo o tempo. O que é de arrepiar os jogadores e de amedrontar os adversários.

A partida que era para ser de Beto, passou pelas mãos de Júlio César, raspou a cabeça do capetinha e caiu nos pés do camisa 10 da Gávea.

Lá atrás, o travessão salvava o clube mais popular do Brasil em falta cobrada por Juninho.

O time de Zagallo, cansado, dava espaço para o escrete de Joel Santana, incomodado com os gols perdidos.

Eis que, aos 42 minutos da etapa final, uma falta fez a esperança ressurgir.

O time que já teve Zico, havia perdido Beto substituído e contava, somente, com Petkovic para honrar a tradição rubro-negra.

Eram 43 minutos do segundo tempo, do dia 27 de maio de 2001. Há exatos 10 anos, o Maracanã, o Brasil e a Terra paravam para ver um lance.

E quem isso fez, não se arrependeu.

Em um dos bancos, o Velho Lobo tirava um santo do bolso e beijava-o. No outro, o treinador vascaíno era o símbolo da angústia e do desespero.

Ambos pareciam adivinhar.

O comandante flamenguista pensava “Vou ser campeão”.

Letras que somadas dão 13.

E que ironia, o seu número da sorte.

O maior ídolo estrangeiro dos últimos tempos foi para a bola como quem dissesse: “é agora ou nunca!”.

Nas arquibancadas, as mãos dos torcedores tremulavam como saudações para o que iria ocorrer.

A falta mais espetacular que eu vi na vida já tinha endereço certo.

Estava escrito antes do jogo começar.

Era a gana dos jogadores com salários atrasados contra a soberba de Eurico Miranda e sua festa armada.

PETKOVIC cobrou, a bola passou por onde deveria e entrou no único espaço possível entre a trave e a mão do goleiro.

3x1

Era o placar necessário.

O Maracanã, o Brasil e a Terra pularam de euforia como nunca.

A partida acabara naquele instante.

Pois tudo o que for relatado depois do gol será em vão.

O que se viu naquela tarde tipicamente carioca foi épico.

O desacreditado tornou-se Tricampeão Carioca.

Foi como ser campeão do mundo.

Foi inacreditável.

Foi inesquecível.

Algo que só o futebol é capaz de proporcionar.

Desculpem, leitores, mas eu vi...

De Olho no Lance: Aos flamenguistas, há uma década De Olho no Lance: Aos flamenguistas, há uma década Reviewed by Alisson Matos on 5/26/2011 11:16:00 AM Rating: 5

4 comentários

  1. nem há o que dizer, sensacional...Otimo texto. Parabéns Alisson Matos.

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  2. São momentos e fatos que além de marcarem a vida dos torcedores e a historia do futebol, sustentam aquela velha maxima: "o futebol é uma caixinha de surpresa"

    Belo texto. Direto, reto e emocionante. Me parece um relato de uma testemunha ocular!!!

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  3. Excelente texto, Alisson! Eu não estava assistindo esse jogo porque era o segundo jogo entre Corinthians e Botafogo (SP), um 0x0 que consagrou o Timão campeão paulista daquele ano (o primeiro jogo, em Ribeirão, foi 3x0). Mas lembro dos 'flashes' e do anúncio do gol. Golaço e que mandou aquele ladrão travestido de dirigente pras 'cucuias'. Igual peru, que morre sempre na véspera! Grande abraço!

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  4. ....
    rsrsrs eu nem lembro desse jogo,
    mais preparesse Vasco futuro campeao da copa do brasil,voltando ao assunto o texto ficou bom.

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