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Crise alérgica pode esconder doença grave

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Especialistas apontam a importância de conhecer o angiodema hereditário (AEH). Diagnóstico equivocado faz com que pacientes sejam submetidos a cirurgias desnecessárias

Por Vinicius Volpi
       
Uma doença rara que pode demorar até 11 anos para se manifestar em homens e mulheres desafia os médicos na busca por um diagnóstico correto e precoce. O angioedema hereditário (AEH), que pode ser desencadeado por diversos fatores como stress, traumatismo, infecções e procedimentos cirúrgicos, é uma deficiência genética do sistema imunológico (imunodeficiência) causada pela falha na atividade do inibidor C1 esterase (C1 INH). Estimativas da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia (SBAI) apontam que cerca de 90% dos pacientes não sabem que têm o problema, outros demoram até 30 anos para descobrir a doença e alguns já foram a óbito. 

Os sintomas, muitas vezes confundidos com outras doenças, são episódios recorrentes e espontâneos de inchaços na pele das mãos, pés, face, genitais, bem como nas membranas mucosas do trato intestinal, laringe e outros órgãos internos. Diferente do angioedema alérgico, no qual é possível o uso de corticóide, no hereditário não há resposta para esse tipo de terapia e os pacientes dependem de acompanhamento médico para tratamento específico. Para detectar o problema, os médicos devem solicitar exames específicos baseados nos sintomas, em especial marcadores da proteína C1 esterase.

A alergista da Faculdade de Medicina do ABC, Anete Sevciovic Grumach, explica como a doença pode se manifestar e os cuidados que devem ser tomados: "em primeiro lugar, é importante sempre levar em consideração o histórico familiar. Se há registro de casos em pessoas próximas, o cuidado deve ser redobrado e o paciente precisa consultar um especialista".

Devido a esse cenário, a médica destaca a necessidade de um trabalho educativo sobre angioedema hereditário, que vem sendo feito pela Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia (SBAI). "Outros sintomas comuns podem ser o alerta para o início de uma crise como reações na pele (formigamento, vermelhidão e calor no local), problemas no sistema respiratório (dor, dificuldade para engolir, chiado e tosse) ou alterações no sistema digestivo (náusea, vômitos, cólicas e dor de estômago muito intensas)", explica. Segundo ela, muitas vezes, o paciente chega no serviço de emergência do hospital e acaba passando por procedimentos cirúrgicos desnecessários por conta de um diagnóstico equivocado. 

Wilson Tartuce Aun, alergista e diretor da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia (SBAI), alerta para a importância da observação e tratamento adequado dos sintomas do angioedema hereditário. "Uma situação específica pode ser determinante para quem convive com esse problema, pois geralmente o paciente sabe quais são os fatores desencadeantes. Os médicos devem estar atentos aos inchaços isolados. Sem contar que hoje, diferente de outras épocas, o paciente tratado na fase aguda consegue ter qualidade de vida".


Tratamentos

As atuais opções de tratamento indicadas para AEH se dividem em dois grupos: um profilático (a curto e longo prazo) e outro específico para a fase aguda (icatibanto), único medicamento que controla os sintomas nesse período. O tratamento de crises agudas é essencialmente hospitalar, já os outros são feitos em caráter preventivo com uso de medicamentos específicos, como hormônios masculinos.

O tratamento profilático depende da frequência das crises agudas e são indicados a quem se submeterá a procedimentos odontológicos ou cirúrgicos. O paciente deve também mudar alguns hábitos de vida, evitando traumas físicos, estresse e prática de esportes agressivos, situações que também podem desencadear uma crise.

Sobre o icatibanto
O icatibanto é indicado para o tratamento sintomático de episódios agudos de angioedema hereditário (AEH) em adultos com deficiência de funcionamento do inibidor da C1-esterase. É aplicado via injeção subcutânea, preferencialmente na região abdominal, e deve ter prescrição e orientação médica para a sua devida utilização, inclusive para a autoadministração. Na maioria dos quadros agudos, uma injeção é suficiente para promover alívio dos sintomas, mas o manejo e o controle adequado do AEH dependem de um acompanhamento médico para se promover um tratamento bem-sucedido.
Crise alérgica pode esconder doença grave Crise alérgica pode esconder doença grave Reviewed by Diego Martins on 5/09/2011 12:10:00 PM Rating: 5

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