campa-insta


Agora é se adaptar

Compartilhar no WhatsApp!

Lei das sacolinhas é sancionada na capital paulista e consumidores vão ter até o fim do ano para mudar os hábitos 

Por Diego Martins

(Foto: Getty Images)
O estabelecimento que descumprir a regra vai pagar multa
de até R$ 50 milhões
Muito utilizada pelas donas de casas para o depósito do lixo, as sacolas distribuídas pelos comércios em geral tornaram-se as grandes vilãs do meio ambiente, já que demoram de 100 a 300 anos para se decompor. As discussões surgiram e várias cidades pelo Brasil criaram regras que limitam ou proíbem o uso. Em São Paulo, a maior cidade da América do Sul, no último dia (19), a Lei das sacolinhas plásticas foi sancionada pelo prefeito Gilberto Kassab.

Pelo texto, “fica proibida a distribuição gratuita ou a venda de sacolas plásticas aos consumidores para o acondicionamento e transporte de mercadorias adquiridas em estabelecimentos comerciais no Município de São Paulo”. A medida entra em vigor em 1° de janeiro de 2012 e a fiscalização será realizada pela Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente.

Segundo o vereador Antonio Goulart (PMDB), o importante agora é buscar maneiras para evitar que o ônus dessa proibição recaia no consumidor final. “Seguindo essa linha alguns supermercados, por exemplo, irão disponibilizar caixas de papelão para os munícipes que não levarem as suas sacolinhas ecológicas. Em outros estabelecimentos, serão dados descontos para os consumidores que não usarem sacolas plásticas. Outra alternativa viável é a adoção de sacos de papel reforçados. Por outro lado, também, surgem novas oportunidades para a indústria: além das ecobags, existe a produção das sacolinhas feitas à base de amido de milho, diz o vereador.

De acordo com Goulart, os paulistanos vão se adaptar sem dificuldade, porque “trata-se de um costume que pode e deve ser superado, em prol do meio ambiente”. “Antigamente, não havia essa praticidade que nos foi possibilitada com o advento das sacolinhas plásticas de supermercado e, mesmo assim, as donas de casa faziam suas compras normalmente. É comum ouvir relatos de gente que recorda da época em que suas mães utilizavam sacolas de pano para fazer compras no mercado do bairro”, complementa.

Para a jornalista Adriana Vilaça, “a consciência é cada vez maior” e acredita que não será difícil nem para ela e nem para as outras pessoas se adaptarem a esta nova realidade. “Se todos fizerem um pouquinho o planeta já sai ganhando. Meus hábitos de fato vão mudar, pois já estou procurando as sacolas de pano que usarei para ir ao supermercado. Dependendo do tamanho da sacola, a quantidade de produtos em cada ida ao supermercado também mudará. Será mais trabalhoso, mas faço tudo para ajudar a salvar o nosso planeta”, relata.

Adriana conta que há bem pouco tempo imaginava que isso seria impossível no nosso país, “por conta do lobby que as grandes indústrias de plásticos poderiam fazer sobre o poder público”. “Para o meu alívio, o bom senso predominou. Também não haveria como ser diferente, pois era inadmissível que uma das maiores cidades do mundo ainda não tivesse tomado esta iniciativa, enquanto outras cidades menores no Brasil já tinham aprovado uma legislação para proibir as sacolinhas plásticas”, comenta.

(Foto: divulgação / UNESP)
Medida adotada por SP deve ampliar a discussão
para outras cidades, diz especialista
Já o especialista em engenharia de materiais, e professor da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Sandro Mancini, prefere ponderar a euforia da proibição das sacolinhas e alerta que é importante a conscientização e adoção de mais medidas para a questão ambiental. “Certamente tem equívocos, mas [a Lei] é bem intencionada. Quando as coisas acontecem em São Paulo ganham uma outra amplitude, é legal que a discussão agora está no Brasil inteiro. A alternativa mais viável é um consumo mais consciente de tudo, inclusive de sacolas, descartáveis ou não. A sacola em si não produz danos, quem produz danos são quem as entrega à toa e quem as pega sem precisar, quem as joga nas ruas e rios. O plástico, polietileno, tem boa parte de suas aplicações justamente por ser praticamente inerte, não fazer mal”, explica.

Com a proibição, uma alternativa é a sacolinha biodegradável já oferecida em alguns supermercados da cidade, que cobram o valor de custo, cerca de vinte centavos. Mas o especialista alerta que os plásticos biodegradáveis são poucos e geralmente bem mais caros. “Alternativas que prometem biodegradar o polietileno devem ser vistas com cautela, pois ele não é biodegradável. As ditas oxibiodegradáveis, por exemplo, ainda não comprovaram a biodegradação. Há um outro tipo, em que se mistura o polietileno com amido ou outro tipo de matéria orgânica que, pelo que eu li, consegue uma biodegradação parcial do polietileno. O que já é um avanço”.

Para Mancini, uma outra coisa que deve ser vista é onde vai ocorrer a biodegradação: “Se numa pilha de compostagem (raríssimas no Brasil) ou num aterro sanitário. Se for num aterro, a dinâmica é outra, provavelmente as afirmações de fabricantes sobre a real biodegradação tenham que ser revistas”, conclui.

Em entrevista para o site G1, o presidente do Instituto Nacional do Plástico (INP) e da Plastivida - associação que defende o uso sustentável do plástico, Miguel Bahiense, lamentou que o projeto “não tenha contemplado questões cruciais”, como um equilíbrio entre o ambiente, a sociedade e a questão econômica. “O problema é o desperdício. Se você educa a indústria a fabricar a sacola dentro das normas (suportam até 6 kg) e orienta os consumidores e empacotadores a não colocar uma dentro da outra, você reduz o desperdício. Em leis como essa, nenhum dos pilares está sendo respeitado, vai ter uma ociosidade no setor", prevê.
Agora é se adaptar Agora é se adaptar Reviewed by Diego Martins on 5/29/2011 03:40:00 PM Rating: 5

Nenhum comentário

Fale com a redação: contato@portaltelenoticias.com

-

Publicidade

-