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Pensando no futuro

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As possibilidades dos planos de previdência para segurança na hora de se aposentar

Por Ana Paula de Araujo

(Foto: Getty Images)
Seja como investimento financeiro ou garantia de qualidade de vida na hora de se aposentar, os planos de previdência podem ser uma opção de negócio para quem deseja proteger o dinheiro em longo prazo.

Além da Previdência Social, que já insere automaticamente os trabalhadores registrados através do modo CLT devido ao desconto mensal do INSS no salário, no Brasil existem também os planos de previdência privada divididos nas modalidades aberta e fechada. 

Os planos fechados destinam-se à pessoa jurídica e são destinados a profissionais ligados a sindicatos, empresas ou entidades de classe. Normalmente o valor é dividido entre instituições e trabalhadores em porcentagens iguais, ou seja, meio a meio. O principal benefício é a dedução de até 12% da renda bruta no Imposto de Renda, o que tem atraído empresas do setor.

Os planos de previdência privada do tipo aberto podem ser contratados por qualquer pessoa e são divididos em quatro opções: o Plano Tradicional, o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) e o Fapi (Fundo de Aposentadoria Programada Individual), que é pouco comercializado. 

Diferente dos outros três tipos, o Plano Tradicional tem garantia de rentabilidade mínima e possibilita a dedução de até 12% no Imposto de Renda. Os outros três planos não possuem garantia de rentabilidade, ou seja, há possibilidade de prejuízos. O PGBL é destinado a pessoas que utilizam o formulário completo na declaração de Imposto de Renda e também possibilita dedução de até 12%. 

Já o VGBL é direcionado à parcela que não tem renda tributável e usa o tipo de declaração simples. Em ambos os casos, há garantia de repasse de 100% do rendimento obtido e neles incidem taxa de carregamento sobre a contribuição de até 5%. Para o Plano Tradicional a taxa é de até 10%.
O Fapi não possui taxas, mas há incidência de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) se o resgate for efetuado antes de 12 meses. Ele também é destinado a usuários da declaração simples do Imposto de Renda.

(Foto: divulgação)
"A Previdência Privada depende de
juros de aplicações financeiras para
garantir fôlego", diz De Julio
Segundo Antonio De Julio, especialista em finanças pessoais do Moneyfit (www.moneyfit.com.br), o primeiro passo para escolher a opção adequada é definir o quanto é suficiente para viver uma velhice tranquila, mas “um bom investimento sem dúvida é poupar”. Para o bancário, Caio Lima a melhor opção para a aposentadoria é a previdência privada. “na Previdência Social o teto da aposentadoria é de dez salários mínimos. Contudo, de acordo com o cálculo realizado pelo INSS, este valor dificilmente é pago ao previdenciário. Já na Previdência Privada, o valor é planejado de acordo com a sua contribuição”, afirma.

(Clique na figura para aumentar)
Fonte: SUSEP (2011)
No setor de seguros privados, a previdência está em segundo lugar na quantidade de investimentos do País, segundo a SUSEP – Superintendência de Seguros Privados do Ministério da Fazenda, perdendo apenas para os tipos de seguro mais comuns como de automóvel, vida ou casa, por exemplo, todos inseridos em uma mesma fatia. Em fevereiro deste ano, a Previdência Privada atingiu 31% dos investimentos do setor, apresentando queda de apenas 2% em relação ao mesmo período no ano passado.

(Clique na figura para aumentar)
Fonte: SUSEP (2011)
Num âmbito geral, a Previdência Privada apresenta aumentos de investimentos desde 2006. Em 2010, o valor investido passou de R$ 9 milhões de reais, contra pouco mais de R$ 8,2 milhões em 2009. Com exceção de março e agosto, o crescimento ocorreu em todos os meses de 2010, com picos de investimento sempre em dezembro, devido à utilização do 13º salário como recurso para adesão ao plano.

O músico e professor Aylton Bonini encontrou nesta modalidade uma forma de investir no futuro em longo prazo. “Vi na Previdência Privada uma forma de ter uma renda vitalícia, além da possibilidade de ter mais de uma, diferente do INSS, e assim ter uma renda mais satisfatória”. Trabalhador autônomo, Bonini afirma que escolheu o VGBL como forma de aplicação, pois “é um plano com possibilidade de acumulação de recursos para o futuro, os quais podem ser resgatados ou transformados em renda mensal ou vitalícia”. 

Mesmo sem a pretensão de se aposentar, ele acredita que fez um bom negócio e pretende investir em outros planos de previdência e aplicações. “A música é o que me alimenta, me faz ser feliz. Penso em ter um bom dinheiro como renda para exercer minha profissão com mais intensidade e espero poder continuar comprando instrumentos e tecnologias novas. Apesar de não pensar em viver e depender de aposentadoria, pretendo aumentar minha renda e para isso vou fazer mais uma previdência e também aplicações no Tesouro Direto”. 

Mas Antonio De Julio faz um alerta: “a Previdência Privada adota o regime de capitalização, isto é, depende de juros de aplicações financeiras para garantir fôlego. Imagine um país como os Estados Unidos que tem uma taxa de juros de 0,25% ao ano. A melhor opção de aplicar hoje, não necessariamente será a melhor daqui a 20 ou 30 anos”.

De Julio avisa também sobre a tentação de retirar antes do prazo o valor investido nos planos de previdência para saldar dívidas “investimento em Previdência Privada não é segundo salário ou ‘bote salva-vidas’. As pessoas não devolvem o dinheiro sacado depois e vão se arrepender daqui a 10 ou 20 anos”. 

Bonini conta que já utilizou o dinheiro em caráter emergencial e se arrepende, “cometi um erro terrível porque fiz da primeira vez por impulso, sem orientação de quem me ofereceu a Previdência Privada dentro do banco. Em menos de dois anos resgatei tudo sem saber para que realmente servia o plano”. 

Segundo Caio Lima, a solução nestes casos é “uma modalidade de empréstimo com garantia caucionada à Previdência. A escolha é sempre do cliente, que algumas vezes opta pelo resgate e em poucos meses, percebe ter feito a opção errada”, afirma.

A dica para agir certo ao investir no fundo de renda a longo prazo, segundo De Julio, é “entender todas as regras do jogo. Levar o contrato para casa  e entender muito bem o que está fazendo, principalmente no que diz respeito às multas por saques antes do tempo e das taxas de carregamento. O investimento em aposentadoria é muito sério para se arrepender depois e deve ser tratado com carinho e atenção”.

Em relação à faixa etária, se engana quem acredita que deve pensar na aposentadoria quando atingir uma idade mais avançada. Segundo Lima, “quando antes começar a investir maior será a contribuição e, consequentemente, maior o valor a receber na aposentadoria”. De Julio concorda: “Quem começa mais cedo pode iniciar com aportes menores, se arriscar mais em fundos multimercado, por exemplo, que alocam parte do dinheiro investido em aplicações de renda variável. Aplicações de risco ficam mais perigosas devido à falta de tempo e será preciso mais experiência, pois errar no investimento pode trazer consequências muito graves para quem quer se aposentar”.

Bonini se identifica como exemplo quando o assunto é a demora para pensar no futuro. “Eu deveria ter feito e não fiz por falta de informações. Vivi numa época em que poucos se preocupavam com o amanhã. Comecei a pensar nisso quando percebi que o tempo estava passando e que a juventude não era eterna”, relembra.

Caio Lima explica que “a aposentadoria pode ser solicitada a partir de 55 anos na Previdência Privada, sem a necessidade de uma quantidade mínima de anos de contribuição, o que torna o investimento interessante ao jovem que ingressa aos 18 anos no mercado de trabalho, mas não deixa de ser um atrativo ao profissional de 40 que passa a ter um bom poder aquisitivo e pretende iniciar um plano de aposentadoria” e ressalta que “hoje em dia, o leque está muito aberto e existem várias opções de escolha”.

Ainda assim, a Previdência Privada não é uma opção acessível a toda a população. Lima ainda lembra que no Brasil “para o trabalhador de baixa renda, que não pode pagar a previdência privada, a única opção de aposentadoria passa a ser a previdência social. Em alguns países, como o Chile, o trabalhador pode optar em pagar somente a Previdência Privada, deixando de contribuir com o INSS local”. E completa “infelizmente essa opção não existe por aqui e, pelo que se vê de nossos políticos, dificilmente existirá um dia”.

Pensando no futuro Pensando no futuro Reviewed by Diego Martins on 4/21/2011 07:30:00 AM Rating: 5

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