A maternidade é uma das principais preocupações entre as empresas que querem contratar
Por Andréa Cordeiro
Se fosse feita uma pesquisa sobre a pessoa mais importante na vida de cada um, a mãe seria provavelmente a figura mais repetida. Infelizmente essa visão não se reflete no mercado de trabalho, onde a palavra pode significar salários menores, limitar o desenvolvimento de uma carreira e ser fator negativo no momento de uma seleção. Mas também é verdade que há cada vez mais mulheres ocupando cargos de liderança que no passado pareciam inatingíveis. “Um bom exemplo foi a eleição de uma mulher para o maior cargo do país”, diz Daniele Coutinho Setton, gerente da área trabalhista da Macro Auditoria e Consultoria e especialista em Recursos Humanos.
A executiva da Macro Auditoria constata esses avanços, mas percebe que para alcançar essas posições as mulheres precisam estudar três vezes mais, trabalhar três vezes mais, e muitas vezes adiar os planos de ter filhos. “Se a mulher chega a um cargo de liderança muitas vezes terá de fazer escolhas, como a de assistir a uma apresentação do filho na escola ou ter de ficar até mais tarde no escritório para entregar um relatório importante”, afirma.
A realidade é que a mesma lei que protege é a que faz com que o empregador fuja das mulheres, principalmente as mais jovens, na hora de escolher um novo funcionário. A empresa calcula os custos trabalhistas de uma possível gravidez, de uma licença maternidade e dos riscos de ter de ausentar-se do emprego para cuidar dos filhos. “Contudo, torna-se mais notável que a dificuldade da mulher no mercado de trabalho existe independentemente de ser mãe, mas agrava-se ainda mais com a maternidade”, aponta.
Os abusos e os preconceitos contra as mulheres no mercado de trabalho tentam ser minimizados através da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) –, que dedica um capítulo inteiro à proteção do trabalho feminino -, e da Constituição, que no seu artigo 5º proíbe qualquer tipo de discriminação. Entretanto, pesquisas mostram que na prática a realidade é bem diferente e que a sociedade não respeita a legislação.
“O grande problema ainda é a diferença salarial, mesmo ocupando cargos iguais ou semelhantes aos dos homens, todas as pesquisas mostram que as mulheres ganham menos”, afirma.
O estudo Mulher o Mercado de Trabalho, divulgado pelo IBGE em 2010, mostra que as mulheres se encontram em situação desfavorável, em relação aos homens que trabalham com carteira assinada, 35,5% versus 43,9%, apesar de a porcentagem de mulheres com mais de 11 anos de instrução ser superior à dos homens, 61,2% versus 53,2%. Além disso, o rendimento é em torno de 72,3% do que recebem os homens.
Na mesma direção, uma pesquisa divulgada recentemente pela multinacional Regus mostra que no Brasil, onde 57% das firmas pretendem aumentar seu pessoal, 62% não consideram a contratação de mulheres com filhos. Entre as preocupações destas empresas estão à possibilidade de elas tirarem licença-maternidade para dar à luz outro filho (39%) e de estarem desatualizadas profissionalmente (29%).
Em 2010 entrou em vigor a lei que estende a licença-maternidade de quatro para seis meses, mas ela é facultativa. “Somente algumas grandes empresas aderiram à nova licença-maternidade, não tenho conhecimento entre meus clientes de middle market de algum que tenha aderido ao programa”, diz.
Daniele percebe um silêncio no mercado sobre o assunto. Segundo ela, as empresas não explicam que muitas vezes escolhem um homem entre dois profissionais com as mesmas competências só para fugir dos “empecilhos” que uma mulher pode “causar”. “Existem ainda os discursos politicamente corretos de determinados empresários, mas na prática acontece diferente”, comenta.
Para a especialista, a atuação mais intensa da mulher no mercado de trabalho abre a possibilidade de se discutir mais profundamente o papel da mulher e do homem na família e na sociedade, bem como a necessidade de compartilhar de forma mais igualitária as tarefas do lar, da educação, e da criação dos filhos.
Por Andréa Cordeiro
Se fosse feita uma pesquisa sobre a pessoa mais importante na vida de cada um, a mãe seria provavelmente a figura mais repetida. Infelizmente essa visão não se reflete no mercado de trabalho, onde a palavra pode significar salários menores, limitar o desenvolvimento de uma carreira e ser fator negativo no momento de uma seleção. Mas também é verdade que há cada vez mais mulheres ocupando cargos de liderança que no passado pareciam inatingíveis. “Um bom exemplo foi a eleição de uma mulher para o maior cargo do país”, diz Daniele Coutinho Setton, gerente da área trabalhista da Macro Auditoria e Consultoria e especialista em Recursos Humanos.
A executiva da Macro Auditoria constata esses avanços, mas percebe que para alcançar essas posições as mulheres precisam estudar três vezes mais, trabalhar três vezes mais, e muitas vezes adiar os planos de ter filhos. “Se a mulher chega a um cargo de liderança muitas vezes terá de fazer escolhas, como a de assistir a uma apresentação do filho na escola ou ter de ficar até mais tarde no escritório para entregar um relatório importante”, afirma.
A realidade é que a mesma lei que protege é a que faz com que o empregador fuja das mulheres, principalmente as mais jovens, na hora de escolher um novo funcionário. A empresa calcula os custos trabalhistas de uma possível gravidez, de uma licença maternidade e dos riscos de ter de ausentar-se do emprego para cuidar dos filhos. “Contudo, torna-se mais notável que a dificuldade da mulher no mercado de trabalho existe independentemente de ser mãe, mas agrava-se ainda mais com a maternidade”, aponta.
Os abusos e os preconceitos contra as mulheres no mercado de trabalho tentam ser minimizados através da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) –, que dedica um capítulo inteiro à proteção do trabalho feminino -, e da Constituição, que no seu artigo 5º proíbe qualquer tipo de discriminação. Entretanto, pesquisas mostram que na prática a realidade é bem diferente e que a sociedade não respeita a legislação.
“O grande problema ainda é a diferença salarial, mesmo ocupando cargos iguais ou semelhantes aos dos homens, todas as pesquisas mostram que as mulheres ganham menos”, afirma.
O estudo Mulher o Mercado de Trabalho, divulgado pelo IBGE em 2010, mostra que as mulheres se encontram em situação desfavorável, em relação aos homens que trabalham com carteira assinada, 35,5% versus 43,9%, apesar de a porcentagem de mulheres com mais de 11 anos de instrução ser superior à dos homens, 61,2% versus 53,2%. Além disso, o rendimento é em torno de 72,3% do que recebem os homens.
Na mesma direção, uma pesquisa divulgada recentemente pela multinacional Regus mostra que no Brasil, onde 57% das firmas pretendem aumentar seu pessoal, 62% não consideram a contratação de mulheres com filhos. Entre as preocupações destas empresas estão à possibilidade de elas tirarem licença-maternidade para dar à luz outro filho (39%) e de estarem desatualizadas profissionalmente (29%).
Em 2010 entrou em vigor a lei que estende a licença-maternidade de quatro para seis meses, mas ela é facultativa. “Somente algumas grandes empresas aderiram à nova licença-maternidade, não tenho conhecimento entre meus clientes de middle market de algum que tenha aderido ao programa”, diz.
Daniele percebe um silêncio no mercado sobre o assunto. Segundo ela, as empresas não explicam que muitas vezes escolhem um homem entre dois profissionais com as mesmas competências só para fugir dos “empecilhos” que uma mulher pode “causar”. “Existem ainda os discursos politicamente corretos de determinados empresários, mas na prática acontece diferente”, comenta.
Para a especialista, a atuação mais intensa da mulher no mercado de trabalho abre a possibilidade de se discutir mais profundamente o papel da mulher e do homem na família e na sociedade, bem como a necessidade de compartilhar de forma mais igualitária as tarefas do lar, da educação, e da criação dos filhos.
Mulheres ainda enfrentam resistência no mercado de trabalho
Reviewed by Diego Martins
on
3/07/2011 08:32:00 PM
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