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Conto: Divã do sexo

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Por Danilo Quintal


O dia amanhece e o sino da antiga igreja de Desterro de Entre Rios badala. São seis horas. Enquanto muitos estão acordando para ir à luta, Nina Pardal acaba de voltar de uma batalha, uma não, pelo menos meia-dúzia.

    Morena, um corpo esculpido cuidadosamente, caprichada nos detalhes, curvas insinuantes e dona de um charme incomparável. Perto de completar 20 anos, conheceu o algoz da vida, Fábio, o primeiro namorado. O cara é carioca de natureza e malandro por vocação. Foi para Minas Gerais apenas para desgraçar a vida da mulata. E foi eficiente. Conquistou e traçou a mulher mais cobiçada de Desterro, e o tiro foi certeiro! Logo na primeira relação, engravidou a moça e se mandou de volta para a cidade maravilhosa. Mas o destino a colocou novamente frente a frente com Fábio. O malandro voltou a Minas, e mais uma vez, a fim de causar reboliço. E conseguiu.

   Nina não escondia de ninguém que aquele homem era seu ponto fraco. O toque que a arrepiava do pé à nuca, o beijo que a fazia flutuar, e as juras, mesmo sabendo que eram todas mentirosas, a envolviam tanto que morreria acreditando em cada palavra. O carioca novamente conseguiu laçar a mulata, e outra vez engravidou a moça. E, novamente, o espertalhão se mandou.

   A tentativa de arrumar um emprego ficava cada vez mais difícil e urgente. Até que Esmeralda Furacão, olhada por toda cidade de rabo de olho, convidou a mulata para uma noite no bordel. No começo ficaria ali, parada, sentindo o ambiente, mas a necessidade era tanta, que as ofertas tentadoras, fizeram-na trabalhar já na primeira noite.

   A Casa da Alegria, como se chamava o estabelecimento de Esmeralda, passaria a fazer ainda mais sucesso. A vida farta que Nina conseguiria à partir daquele momento dar aos seus filhos, valeria cada pecado. A morena prometeu a Santa Maria Madalena que apenas teria seis clientes por noite, e que em um deles faria uma terapia, a fim de livrá-lo da vida mundana. Nina sempre sonhou em ser terapeuta, e promessa feita para ela, era promessa cumprida.

   Dia 1° de novembro de 2010, perto das duas horas da madrugada, Nina acabara de atender um cliente, e observava Manoel Bezerra, proprietário de três padarias, duas na pequena cidade e uma na capital Belo Horizonte. Seu Manoel, além de ser conhecido pelo poder aquisitivo, era famoso pelo filho, usuário de drogas que vivia aprontando. Olhares fixos de ambos, mas inegável o olhar da mulata que era mais forte e irresistível. O padeiro faz a proposta, e a morena aceita sem pestanejar, o que não era habitual, afinal conseguiria arrancar quanto quisesse daquele homem.

   Os dois entram no quarto. Manuel, velho e grosso, só balbuciava besteiras e levava as mãos onde bem entende. Mas Nina seduz o “portuga” a deitar-se no divã, onde promete danças e brincadeiras com o pênis do homem. Enfeitiçado, se deita e faz tudo que a mulata pede.

   Entre beijos e carícias em Manoel, a mulata inicia uma conversa:
 - E o seu filho Manoel, está melhor? Pergunta a mulata iniciando um sexo oral no cliente.
 - Uh, uh, uh! Aquele ali, uh calma, calma. Só me dá trabalho. Viciado em cocaína, já robouuu! Até dinheiro dá pa... dá pá... padariaaa! Responde Manoel entre gemidos e arrepios.
 - Mas ele ainda mora com vocês né? Pergunta Nina ao respirar e retornar ao serviço.
 - Com, com, com. Que gostoso. Não mais, o expulsei de casa, já paguei tratamento... Aí meu Deus, que
mulher é essa. Hum... é um drogado, ladrão e vagabundo! Explica o português, com palavras de baixo calão, mas com tom de prazer.
 - Mas Manoel, filho é filho. E quando se está nessa situação e os pais o abandonam, é como se o chão já não existisse mais. Salienta a morena. Traga o seu filho de volta para casa. Lá terá mais chances que na rua. Ele tem que querer, e você deve acreditar até o fim. Aconselhou Nina, num tom de ordem e com movimentos do corpo enlouquecedor.

   Entregue, Seu Manoel, balançava a cabeça concordando com tudo. a morena, prestes a acabar o serviço, pronunciou a última exigência:
- Manoel, para ajudar o seu filho deve parar de vir à gandaia! Disse ela rebolando no pênis de Manoel, cada vez mais rápido.
- Nunca! E você? Nunca mais poderia vê-la? Morreria!
Revelou estar apaixonado e prosseguiu:
- E outra, minha mulher, aquela velha, não a aguento mais! Concluiu em tom desesperador.
A mulata certa do que queria, mandou o veredito:
- Vai parar sim, pois marcaremos encontros pelas manhãs! Mostrando para todos que sua família está em paz novamente, as chances de recuperar o seu filho aumentará! Disse a morena batendo o martelo e pulando em Manoel cada vez mais rápido a fim de liquidá-lo.
Manoel pronto para ejacular, acatou:
- Sim, Sim, perfeitooo! Oh.. Oh...Oh... Oh, há, há, há... Como quiser, como quiser! Disse ele aproveitando até o último segundo de prazer.

   Naquela noite, a promessa estava cumprida. Seu Manoel mudou de vida, além de trazer o filho de volta para casa, era comentado por toda Desterro. Ora por flores que mandava para esposa, ora por serem vistos em jantares românticos. Meses depois, após levar o filho a uma consulta no divã de Nina Pardal, o filho de Manoel, largou as drogas e conseguiu passar na Faculdade de gastronomia em Belo Horizonte.
   Realizada, a mulata segue a vida, até a próxima terapia...

Conto: Divã do sexo Conto: Divã do sexo Reviewed by Diego Martins on 12/01/2010 03:41:00 PM Rating: 5

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