O ex-boleiro foi um ator nos tempos em que os gramados foram palcos para suas atuações, afinal, o futebol é um verdadeiro espetáculo
Por Amanda Cotrim
amandacotrim@portaltelenoticias.com
Por Amanda Cotrim
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O jogador de raciocínio e estratégia incomum |
Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, conhecido por doutor Sócrates, possui cinco irmãos homens, entrou no mundo do futebol meio sem querer. O “Magrão”, como era chamado, não foi um jogador comum. Além de ser um atleta extremamente inteligente dentro de campo, Sócrates fazia política, bebia cerveja, fumava cigarro e demonstrava seu descontentamento frente à ditadura militar.
De voz meio rouca, olhos puxados e dono de uma barba grisalha, o doutor Sócrates nasceu em Belém do Pará, mas foi criado em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. E foi lá que, aos 17 anos, estudou medicina na USP e jogou pelo Botafogo de Ribeirão Preto por hobby. Hoje, acredita que fez medicina porque a profissão tem uma relação muito forte com o papel social.
Sabemos que ele foi um grande jogador, tanto na seleção brasileira de 1982 e 1986, até no Corinthians, principalmente durante a 'Democracia corintiana', mas, o que pouca gente sabe é que Sócrates é um homem que nutri sonhos e possui, como ele mesmo define, uma sensibilidade política: “Quem me ensinou tudo o que eu sei hoje, o que penso e o que sinto, foi o povo com o qual eu me relacionei. Eu tive o privilégio de estar no meio do futebol, onde o número de pessoas é muito maior do que em outras atividades”, disse em entrevista à revista Caros Amigos.
O ex-boleiro só ingressou no Corinthians, no ano de 1978, depois de se formar em medicina. Na época, o São Paulo (time que consagrou o irmão de Sócrates, o Raí) mostrou interesse em contratá-lo, mas não concretizou a negociação, foi quando Vicente Matheus (então presidente do Corinthians) entrou na “jogada” e fechou a contratação. E para surpresa de muita gente, antes de ir para o Corinthians, torcia pelo time que ganhava, ou seja, o Santos.
O eterno “doutor Sócrates”, nessa época já era um pré-revolucionário, queria conhecer o mundo através do futebol e “pôr a cara para bater”, como ele mesmo disse em entrevista a revista Caros Amigos. Coincidência, ou não, o jogador caiu justo no Corinthians, reduto que concentrou o maior movimento político já visto dentro de um clube de futebol: A democracia corintiana.
Sócrates foi tecendo sua ideologia. Começou a questionar: “Por que no Ceará não havia água encanada, como havia em São Paulo? Por que as pessoas são tratadas de forma diferente? Como mexer com isso, como tentar brigar contra?”. Segundo ele, “isso depende das oportunidades que você tem na vida. E as oportunidades não dependem de você necessariamente. Mas o instinto, a consciência está interiorizada, tem que saber usar isso na hora certa. Uma revolução acontece em tempos de crise”.
O grande politizador, médico e estrategista do futebol é gente que vive pela gente. Não se diz de esquerda, pois acredita que essa denominação é um rótulo, uma bobagem: “Eu sou socialista, não sei se isso é ser de esquerda. Sou socialista no sentido pleno da palavra. Comunista. Eu sou cubano, queria ter nascido em Cuba, sou cubano”, diz. (seu filho mais novo chama-se Fidel).
Sua relação com o futebol foi de eternidade, e sua identificação com o Corinthians transcende os títulos e vitórias: Sócrates acredita que o Corinthians é a cara do Brasil. “A torcida corintiana, a Gaviões da fiel em particular, é tão importante quanto o MST num país como o nosso. O único problema é que ela não conseguiu se politizar ainda e, talvez, esse seja o grande medo de qualquer sistema”, explicou.
O ex-jogador é um idealista. Acredita na revolução para mudar o mundo. Algo admirável, haja vista que ele não é mais nenhum jovem que está revoltoso pelas condições sócio-políticas do país. Não. Sócrates tem mais de 50 anos, mas, ainda assim, num tom boêmio fala de quão bom seria transformar o país em um reduto socialista, onde não haja exploração, miseráveis e onde a identidade cultural do povo não seja mais o grande mercado capitalista para empresários; que o futebol seja a representação daquilo que somos: liberdade, criatividade, alegria, e até um determinado grau de irresponsabilidade, de insolência, que o brasileiro tem.
Perfil: Um ator do Futebol
Reviewed by Diego Martins
on
7/11/2010 07:30:00 AM
Rating:
Gênio da Bola.
ResponderExcluirTeve toda sua intelectualidade transferida para os pés.
Ímpar nos tempos de jogador. Craque, jogava com uma elegância imensurável.
Dava passes de calcanhar com uma facilidade que ninguém tinha.
Ídolo da massa corintiana. Ícone de um time com a cara do povo.
Fez parte da maior seleção que esse país já viu, ao lado de Zico, Júnior, Falcão e companhia. Não venceu a Copa de 1982, mas quer saber, craques como ele não ter vencido uma Copa? Azar da Copa.
Belo texto, curti pra caramba e digo mais, me espelho hein Aos poucos vou aperfeiçoando o dom de escrever. E para nós, que sonhamos em seguir no jornalismo esportivo, não há nada como implementar um pouco de poesia nos textos. Assim como fizera Sócrates, colocando sua genialidade nos gramados.
OOtima materia, muito bem explicada.. de um geeenio do timão!! eh sempre bom saber oq mais eles nos proporcionam!!!
ResponderExcluirotimo post,legal falar de um cara q contribuio bastante pro nosso futebol,espero q o proximo seja do irmao q jogou no melhor time!!
ResponderExcluirGrande Sócrates! Ótimo jogador e figura essencial no que se refere a história da Seleção Brasileira, e de todos os clubes pelo qual passou, em especial, o Corinthians.
ResponderExcluirAmanda, belíssima matéria!
Daniel