Dos casos de incesto revelados, 20% das mulheres e 10% dos homens foram vitimas de abuso sexual na infância ou na adolescência
Por Paulo SanSeverino
(Foto: Getty Images)
O incesto é a relação sexual entre pessoas da mesma família e o ato é um tabu perante várias sociedades e culturas. É o caso da China, lá é proibido o casamento entre pessoas que têm até o mesmo sobrenome. Na Índia a situação fica dividida, em algumas regiões acontecem relações entre tios e sobrinhos, em outra parte do país a prática é totalmente anormal. Nos países do Ocidente, o incesto está relacionado aos laços sanguíneos, nessa situação são proibidas relações sexuais entre membros da mesma família. Em algumas regiões dos Estados Unidos, primos de primeiro grau não podem se casar, mas em outros estados norte-americanos isso é extremamente possível.
O tema é delicado e gera até arrependimento por parte de quem praticou o ato, é o caso de Anderson Luís Pimentel, estudante de direito da Universidade de São Paulo (USP). “Na minha adolescência me relacionei com a minha prima, e na época não sabia bem ao certo o que estávamos fazendo, a excitação falou mais alto e finalizamos o ato sexual, claro que depois bateu aquela dor na consciência e sabíamos que aquilo era errado, mas novamente o desejo sexual e a descoberta dos corpos falou mais alto e repetimos o ato em si por mais umas três vezes”, relatou.
A lei brasileira permite o casamento entre tios e sobrinhos ou vice e versa, desde que ambos apresentem um laudo médico atestando a saúde dos dois para futura procriação, os bebês que nascem de relações incestuosas têm o mesmo direito judiciário que os demais filhos.
A medicina explica o tabu do incesto e o receio de muitas pessoas sobre o caso. A relação sexual entre parentes aumenta o número de homozigotos, que reduz a variabilidade genética da mesma, ou seja, ocorre uma mistura genética que pode alterar o DNA do embrião e o feto pode nascer com alguma seqüela.
O incesto se torna um problema quando o ato é praticado com crianças e adolescentes, o que se configura um crime. Segundo a advogada e ex- desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Maria Berenice Dias, estima-se que 10% a 15 % dos casos de incesto são revelados, sendo que 20% das mulheres e 10% dos homens foram vitimas de abuso sexual na infância ou na adolescência. “O abuso sexual contra crianças e adolescentes é um dos segredos de família mais bem guardados, sendo considerado o delito menos notificado. Ao contrário do que se imagina, é um dos crimes que atinge todas as classes sociais e níveis culturais, tudo é envolto em um manto de silêncio, daí a dificuldade em estabelecer estimativas e números”, conta a advogada.
Para a psicoterapeuta Gisela Castanho, que é fundadora do Gev Pró Paz- Grupo de Estudos de Violência Doméstica e Promoção da Paz, da Associação Paulista de Terapia Familiar, a cultura em que vivemos proíbe o incesto, no entanto encontramos abuso sexual de filhos e entre irmãos em algumas famílias, atingindo todas as classes sociais.
A precaução a ser tomada, segundo a psicoterapeuta é sempre conversar abertamente com as crianças sobre sexualidade (de acordo com a faixa etária); ensiná-la a preservar sua intimidade; escutar com atenção o que ela tem a dizer e estar atento a mudanças de comportamento. “A criança começa a ficar muito retraída, triste, raivosa ou adoece sem razão, e queixa-se de dores", explica.
Gisela relata ainda que, se um membro da família perceber que isso está acontecendo deve denunciar o fato para o SOS – Criança, porque isso traz grandes prejuízos para as crianças e adolescentes vítimas do abuso. As pesquisas mostram que as pessoas que sofreram qualquer tipo de violência doméstica tendem a propagá-las para as próximas gerações inclusive com um aumento do nível de violência.
Isso fez com que se passasse a chamar o abusador de vitimizador, para ressaltar o aspecto que ele também foi vítima de violência doméstica e inconscientemente tenta se livrar da violência que sofreu infringindo uma vítima indefesa. “Esse é um processo patológico do ponto de vista psicológico, que pode ser compreendido, mas não deve ser tolerado. O vitimizador necessita de tratamento psicológico e, às vezes, também de tratamento psiquiátrico”, diz Gisela.
Por Paulo SanSeverino
(Foto: Getty Images)
O incesto é a relação sexual entre pessoas da mesma família e o ato é um tabu perante várias sociedades e culturas. É o caso da China, lá é proibido o casamento entre pessoas que têm até o mesmo sobrenome. Na Índia a situação fica dividida, em algumas regiões acontecem relações entre tios e sobrinhos, em outra parte do país a prática é totalmente anormal. Nos países do Ocidente, o incesto está relacionado aos laços sanguíneos, nessa situação são proibidas relações sexuais entre membros da mesma família. Em algumas regiões dos Estados Unidos, primos de primeiro grau não podem se casar, mas em outros estados norte-americanos isso é extremamente possível.
O tema é delicado e gera até arrependimento por parte de quem praticou o ato, é o caso de Anderson Luís Pimentel, estudante de direito da Universidade de São Paulo (USP). “Na minha adolescência me relacionei com a minha prima, e na época não sabia bem ao certo o que estávamos fazendo, a excitação falou mais alto e finalizamos o ato sexual, claro que depois bateu aquela dor na consciência e sabíamos que aquilo era errado, mas novamente o desejo sexual e a descoberta dos corpos falou mais alto e repetimos o ato em si por mais umas três vezes”, relatou.
A lei brasileira permite o casamento entre tios e sobrinhos ou vice e versa, desde que ambos apresentem um laudo médico atestando a saúde dos dois para futura procriação, os bebês que nascem de relações incestuosas têm o mesmo direito judiciário que os demais filhos.
A medicina explica o tabu do incesto e o receio de muitas pessoas sobre o caso. A relação sexual entre parentes aumenta o número de homozigotos, que reduz a variabilidade genética da mesma, ou seja, ocorre uma mistura genética que pode alterar o DNA do embrião e o feto pode nascer com alguma seqüela.
O incesto se torna um problema quando o ato é praticado com crianças e adolescentes, o que se configura um crime. Segundo a advogada e ex- desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Maria Berenice Dias, estima-se que 10% a 15 % dos casos de incesto são revelados, sendo que 20% das mulheres e 10% dos homens foram vitimas de abuso sexual na infância ou na adolescência. “O abuso sexual contra crianças e adolescentes é um dos segredos de família mais bem guardados, sendo considerado o delito menos notificado. Ao contrário do que se imagina, é um dos crimes que atinge todas as classes sociais e níveis culturais, tudo é envolto em um manto de silêncio, daí a dificuldade em estabelecer estimativas e números”, conta a advogada.
Para a psicoterapeuta Gisela Castanho, que é fundadora do Gev Pró Paz- Grupo de Estudos de Violência Doméstica e Promoção da Paz, da Associação Paulista de Terapia Familiar, a cultura em que vivemos proíbe o incesto, no entanto encontramos abuso sexual de filhos e entre irmãos em algumas famílias, atingindo todas as classes sociais.
A precaução a ser tomada, segundo a psicoterapeuta é sempre conversar abertamente com as crianças sobre sexualidade (de acordo com a faixa etária); ensiná-la a preservar sua intimidade; escutar com atenção o que ela tem a dizer e estar atento a mudanças de comportamento. “A criança começa a ficar muito retraída, triste, raivosa ou adoece sem razão, e queixa-se de dores", explica.
Gisela relata ainda que, se um membro da família perceber que isso está acontecendo deve denunciar o fato para o SOS – Criança, porque isso traz grandes prejuízos para as crianças e adolescentes vítimas do abuso. As pesquisas mostram que as pessoas que sofreram qualquer tipo de violência doméstica tendem a propagá-las para as próximas gerações inclusive com um aumento do nível de violência.
Isso fez com que se passasse a chamar o abusador de vitimizador, para ressaltar o aspecto que ele também foi vítima de violência doméstica e inconscientemente tenta se livrar da violência que sofreu infringindo uma vítima indefesa. “Esse é um processo patológico do ponto de vista psicológico, que pode ser compreendido, mas não deve ser tolerado. O vitimizador necessita de tratamento psicológico e, às vezes, também de tratamento psiquiátrico”, diz Gisela.
Incesto: desejo, tabu e problema
Reviewed by Diego Martins
on
5/25/2010 08:51:00 PM
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